terça-feira, 19 de novembro de 2013

A diferença entre tristeza e depressão

Entenda a diferença entre tristeza e depressão

Gostou do conteúdo então divulgue 
 


 
Luiz Alberto Py, Vya Estelar.com
Recentemente, a jornalista Cora Rónai escreveu um admirável artigo sobre depressão intitulado “O fundo do poço”. Em homenagem à qualidade de seu trabalho, tomo emprestado o título para estas reflexões, muitas delas estimuladas pelo texto de Cora Rónai. Uma primeira observação é sobre a dificuldade que habitualmente se tem para distinguir entre depressão, *a doença, e tristeza, o estado de ânimo.
Muitas pessoas creem que se trata de uma questão de intensidade de emoção, ou de qualidade de sofrimento. Na verdade a distinção mais adequada diz respeito ao fato de que a depressão é um fenômeno interno, que se passa totalmente dentro do individuo, enquanto que a tristeza é um fenômeno de causas externas, portanto ela ocorre, por assim dizer, de fora para dentro. Nossas tristezas, tanto quanto nossas alegrias, surgem a partir de algum evento, ou grupo de eventos que ocorrem em nossa realidade externa.
Portanto, se estamos tristes porque algo ruim nos aconteceu, ou aconteceu a alguém de quem gostamos ou que de alguma forma nos é importante, estamos vivendo um momento de tristeza, embora muitos costumem se referir ao que sentem como sendo depressão. Um exemplo seria: “Estou deprimido porque o Flamengo perdeu”. Nesse caso, na verdade está se falando de uma tristeza, nunca de uma depressão. O mesmo se refere a acontecimentos mais graves como a morte de uma pessoa querida ou o final de uma relação amorosa.
Se tudo isto é tristeza, resta então dizer o que é depressão. Como assinalei a princípio, depressão consiste em um fenômeno interno, ocorre sem a influência de qualquer acontecimento. Pode ser difícil de se compreender isso, mas quem sentiu sabe bem o que seja acordar um belo dia e ter um sentimento de ruína, de mal-estar, de miséria, sem que nada haja acontecido que justifique o que se sente. Trata-se de uma dor incompreensível e a dificuldade de entender o que acontece ainda agrava o sentimento de mal-estar. Em grau leve ou moderado, quase todos nós já sentimos em algum momento da vida este mal-estar que surge sem motivo aparente, uma angústia que no invade de forma incontrolável, ou quase incontrolável.
Uma das razões para a confusão entre tristeza e depressão está relacionada ao fato de que os sintomas são semelhantes e o tratamento é muitas vezes praticamente o mesmo. A maioria dos remédios para depressão ajuda a combater a tristeza. Por outro lado, ainda existe a questão de que muitas vezes uma tristeza, ou seja a dor por algo acontecido, acaba desencadeando uma depressão que se percebe pelo fato de a tristeza se prolongar além de um limite razoável.
Tratamento para depressão e tristeza: Existem dois tipos de tratamento para a depressão e para a tristeza. O primeiro se baseia na prescrição de remédios antidepressivos. Esses atuam na bioquímica cerebral de formas variadas e com diferentes, mas eficazes, efeitos. A outra forma de tratamento consiste na psicoterapia, que pode ser exercida de formas muito diversas e cujo resultado depende da competência do terapeuta e de um relacionamento eficaz entre esse e seu cliente.
Embora alguns autores insistam na ideia de que um tratamento invalidaria o outro, minha experiência me tem mostrado que eles podem ter uma sinergia que potencializa o efeito positivo de ambos, com resultados melhores e mais rápidos.
Em princípio, a tristeza deve ser mais fácil e mais rápida de ser curada, mas nem sempre os fatos ocorrem como se espera. Antigamente se usava muito a expressão “depressão situacional” para os casos do que hoje prefiro chamar de tristeza enquanto que a depressão propriamente dita se dizia “endógena”. Hoje em dia se introduziu o conceito de bipolaridade para sublinhar um tipo particular de depressão que eventualmente se alterna com episódios de hiperforia, ou seja de uma euforia exagerada, tão exagerada quanto a depressão que pode acompanhá-la.
Concluindo, quero deixar uma palavra de esperança para aqueles que sofrem e para os que os acompanham. A medicina moderna, somada ao desenvolvimento da qualidade da psicoterapia, oferece a possibilidade de um alívio concreto e consistente tanto da depressão quanto da tristeza, embora por vezes os resultados levem tempo para se tornarem evidentes.
Devemos ser otimistas quanto à eficácia dos tratamentos propostos, mas é conveniente começar o mais rapidamente possível para diminuir o tempo da enfermidade e o sofrimento que ela causa. Temos todos os motivos para esperar que o sol volte a brilhar e a vida torne a ser saborosa e saboreável.
* Tecnicamente, depressão é uma doença. Não incluídos aqui pequenos episódios que todos nós já vivemos, pois creio que um pouco de depressão (leve) todos nós já tivemos. É meio complicado, mas medicina é assim mesmo. Coceira, por exemplo não é doença, mas pode ser, dependendo da intensidade.


A diferença entre tristeza e depressão

Tanto se fala em depressão que toda tristeza passa a ser vista como doença. Aprenda então a diferenciá-las e a superar o problema

Publicado em 19/04/2011
Daniella De Caprio
Conteúdo ANAMARIA
Caso a depressão seja diagnosticada, é preciso saber que o psicólogo não pode receitar remédios para tratá-la. Somente psiquiátras fazem isso
Foto: Getty Images
Você já acordou num sábado ensolarado sem vontade de sair da cama? Antes de se autodiagnosticar com depressão, saiba que nem toda tristeza precisa de tratamento. Isso porque há uma diferença muito grande entre tristeza e depressão.

Quando o sentimento tem motivo de existir - uma perda ou separação, por exemplo -, ele não é doença e até faz bem.

"Depressão é tristeza que não acaba mais", diz o oncologista Drauzio Varella. A verdadeira depressão atrapalha a vida pessoal e profissional, nos predispõe a graves problemas de saúde e, muitas vezes, está associada a um desapego da vida.

"Em casos simples, a pessoa pode curar-se em até quatro semanas. Depois disso, recomenda-se tratamento, porque depressão prolongada pode levar ao suicídio", completa Drauzio. Saiba diferenciar tristeza de depressão e como é feito o tratamento da doença.

É tristeza ou depressão?

Medos e carências deixam muita gente triste, já uma pessoa com depressão não precisa de um motivo externo para se sentir mal. "A tristeza faz parte da vida. Quando ela causa limitações e muita dor, vira depressão", afirma Geraldo Galender, psiquiatra e coordenador do grupo de psicoterapia da Unifesp.

Todo deprimido tem que tomar remédio?

· O cérebro de um deprimido produz menos dopamina, serotonina e outras substâncias que geram felicidade e bem-estar.

· O psiquiatra avaliará se o grau de depressão exige tratamento só com terapia ou se a pessoa precisará também de antidepressivos.

· O acompanhamento psicológico ajuda o paciente a lidar com seus sentimentos. Já os remédios repõem as substâncias químicas que estão em falta.

· Casos graves exigem internação para evitar que a pessoa tente tirar a própria vida.

· O médico pode indicar a prática de exercícios, que fazem o corpo produzir naturalmente dopamina e serotonina.

O lado bom da depressão

"Há quem fique mais forte depois da depressão", defende o médico Geraldo Galender. Segundo ele, isso acontece porque, para sobreviver à doença, você precisa entrar em contato com seus medos e desejos profundos. "Lidar com a depressão é uma forma de se conhecer melhor. Encare a crise depressiva como uma necessidade de expressar suas emoções, e faça isso por meio da arte ou de trabalhos manuais", sugere o médico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário