quinta-feira, 25 de abril de 2013


Ser enfermeiro 

domingo, 25 de abril de 2010

Anatomia e Fisiologia: I- O Sistema Digestivo



O sistema digestório tem como função promover a digestão, absorção e metabolização dos alimentos que ingerimos, sejam eles sólidos ou líquidos. Os alimentos são necessários para que possamos obter todas as biomoléculas essenciais à construção de nossas células e tecidos, além de ser fonte primordial da energia necessária para a realização de todas as funções celulares. A digestão e a absorção são realizadas através do Trato Gastro Intestinal (TGI), um longo tubo por onde o alimento é empurrado, digerido e absorvido. O estudo das funções desse aparelho é o estudo da fisiologia digestória.

I. Trata Gastro-Intestinal


Ele se inicia na boca, onde começa o processo digestório. O alimento, depois de mastigado pelos dentes, é deglutido com o auxilio da língua e vai para a faringe, que é o ponto de encontro entre nariz e boca e pode ser considerado como o começo tanto do tubo digestório, quanto das vias aéreas. É importante ressaltar que na boca ocorre a secreção de saliva que serve como lubrificante do alimento no esôfago e também tem funções digestórias, já que contem a enzima amilase responsável pela digestão de amido. Em cima da laringe existe uma tampa chamada glote ou epiglote, que se fecha cada vez que engolimos algo, seja sólido ou líquido. Como a glote fecha a entrada da laringe, o alimento naturalmente cai no esôfago, que é um longo tubo que não tem funções digestórias a não ser conduzir o alimento ao estômago.

O estômago é uma bolsa elástica e tem função de armazenar e digerir o alimento. No estomago temos a presença de uma enzima, a pepsina, responsável por iniciar a digestão de proteínas. No duodeno que é uma pequena parte inicial do intestino delgado, onde se realiza cerca de 80 % da digestão. Como é pequeno, o duodeno não tem capacidade de receber grandes quantidades de alimento; então o estomago armazena o alimento que chega pelo esôfago e o libera aos poucos para que o duodeno possa realizar suas funções satisfatoriamente.
   Após passar pelo estômago, o bolo alimentar vai para o intestino que se divide em 2 partes: intestino delgado e intestino grosso. O intestino delgado por sua vez se subdivide em duodeno, jejuno e íleo. Como já foi dito, o duodeno é responsável pela maior parte da digestão pela presença de diversas enzimas. Já no jejuno e no íleo ocorre a grande parte da absorção dos alimentos. Já o intestino grosso se subdivide em cólon ascendente, transverso e descendente, sigmóide, reto e anus. O intestino grosso tem uma pequena função de absorção de água e eletrólitos, além de conduzir o bolo fecal para excreção.
  A mucosa esta na luz do TGI e é responsável por abrigar as glândulas secretoras do TGI. No intestino, especialmente no delgado, podemos ver inúmeras vilosidades da mucosa, que garante uma grande superfície de absorção dos nutrientes.

1.1 - Sistema Nervoso Mioentérico
  O TGI possui uma extensa rede de nervos e corpos celulares neurais contidos na parede do próprio TGI, desde o esôfago até o ânus. Esse sistema é chamado de sistema nervoso intrínseco do trato gastro intestinal ou sistema nervoso miontérico. Essa rede neural é capaz de gerar impulsos regulares que percorrem o TGI levando a movimentos peristálticos ou de mistura

II. Movimentos do tubo Gastro-Intestinal
  Para poder realizar a digestão, nosso TGI secreta várias enzimas e realiza movimentos próprios. Esses movimentos são necessários para que o alimento possa percorrer todo o TGI, independentemente de qualquer fator externo ao TGI, como a gravidade e a posição de nosso corpo, e assim ser corretamente digerido. Podemos distinguir 2 tipos de movimentos: o peristaltismo e os movimentos de mistura.

III. Processo Digestivo
3.1 - Secreções do Trato Gastro Intestinal
Como já foi, dito além de realizar movimentos próprios, o TGI secreta diversas substâncias para a digestão dos alimentos. Essas secreções são enzimas responsáveis por quebrar especificamente cada nutriente do TGI.Vamos então analisar as secreções dessas enzimas e a digestão em cada parte do TGI.

a) Boca: a boca é a porta de entrada do trato gastro intestinal e também local de processos importantes para a digestão. O primeiro desses processos é o da mastigação, responsável pelo trituramento dos alimentos, sem o qual não seria possível a deglutição. É necessária a lenta e correta mastigação do alimento, pois do contrário, pode haver lesões no esôfago e estômago, além de uma digestão menos eficiente.
Ao mesmo tempo em que ocorre a mastigação, as glândulas sub-linguais e a parótida secretam saliva, que contém uma enzima chamada amilase. A amilase é responsável pela digestão de carbohidratos, mais especificamente o amido. Daí é correto se afirmar que o processo de digestão inicia-se na boca, pelo menos dos carbohidratos. Após o alimento ser triturado e sofrer a ação da amilase é formado o bolo alimentar que é deglutido. A principal responsável por nos fazer engolir o alimento é a língua que empurra o alimenta contra a faringe. Além disso, a língua possui papilas sensoriais que, junto com o olfato, nos permitem reconhecer os sabores dos alimentos. A faringe, por sua vez, é apenas uma via de passagem para o alimento chegar no esôfago.

b) Esôfago: não tem função de digestão. No esôfago começa o peristaltismo, essencial para o alimento chegar no estômago.

c) Estômago: é uma bolsa elástica que tem grande capacidade de receber e armazenar alimentos. O HCl é responsável pela ativação das enzimas, já que elas são ativas apenas em meio bastante ácido. A enzima pepsina é ativada a partir de sua proteína precursora o pepsinogenio que sofre a ação do HCl e é então ativado a pepsina. A ação do HCl e das pepsinas possibilitam o inicio da digestão da maior parte das proteínas que chegam ao estômago. O estômago secreta, além disso. O bolo alimentar ao sofrer as ações gástricas é transformado em quimo.
  Ao contrário do que se pensa, a maior parte da digestão não é realizada no estômago e sim na primeira parte do intestino delgado, o duodeno. Mas o duodeno é bastante pequeno e pouco alimento pode passar por ele de cada vez para que ocorra corretamente a digestão. Assim a principal função do estômago é armazenar o bolo alimentar para que ele passe aos poucos para o duodeno e possa ser digerido. Sem a função de estômago pouco alimento poderia ser digerido por vez, o que poderia levar até a uma congestão duodenal.

d) Duodeno: uma pequena porção inicial do intestino delgado, o duodeno tem esse nome pois seu tamanho é cerca de 12 dedos. Ele é responsável pela digestão da maior parte dos alimentos que ingerimos. No duodeno agem secreções de três órgãos: intrínsecas - do próprio duodeno, do pâncreas e do fígado para transformar o quimo do estomago em quilo, que estará pronto para ser absorvido.
  O pâncreas, através de sua parte exócrina, os ácinos, secreta o suco pancreático diretamente no duodeno, através de um canal de ligação como podemos ver na figura 1. que contém enzimas para digestão de proteínas, carbohidratos e lipídeos. Podemos ver as enzimas na tabela 1. Ao analisarmos a tabela verificamos que todas as enzimas necessárias para a digestão dos macro nutrientes, proteínas, carbohidratos e lipídeos estão presentes no suco pancreático. Além disso, o suco pancreático contém grandes quantidades de bicarbonato de sódio, que reage com o ácido que veio do estômago, elevando e neutralizando o pH, o que protege o duodeno e é fundamental para a digestão, já que aqui as enzimas só atuam em meio alcalino.
Tabela 1 – Enzimas do Suco Pancreático
Enzima
substrato
Produto
Quimotripsina
Proteínas
Peptídeos e aacidos
tripsina
Proteínas
Peptídeos e aacidos
elastase
Proteínas
Peptídeos e aacidos
ribonuclease
RNA
Ac. nucleicos
desoxiribonuclease
DNA
Ac. nucleicos
amilase
amido
Sacarídeos
esterase
esteróides
colesterol
lipase
lipideos
Ac. graxos

Já o duodeno secreta o suco intrínseco duodenal que contém enzimas para a digestão das partículas menores dos nutrientes que já sofreram a ação do suco pancreático. Assim podemos ver na tabela 2 enzimas para digestão de dissacarídeos, peptídeos e ácidos graxos.

Tabela 2 – Enzimas secretadas pelo duodeno
Enzima
Substrato
Produto
Carboxipeptidade
Peptídeos
Aminoácidos
Dipeptidase
Peptídeos
Aminoácidos
Aminopeptidase
Peptídeos
Aminoácidos
Nucleotidases
Nucleotídeos
bases
Sacarase
sacarose
Glicose, frutose
Maltase e Dextrinase
Maltose e isomaltose
glicose
Lactase
lactose
Glicose, galactose
lipase
monoglicerídeos
Ácidos graxos

 Por fim, o fígado produz a bile. Assim como o pâncreas o fígado é ligado ao duodeno e portanto pode lançar suas secreções no mesmo. Como a bile é composta por metabólitos hepáticos ela é produzida todo o tempo. Para evitar que seja jogada no duodeno quando este não tenha alimentos, a bile produzida é armazenada em uma bolsa que fica adjunta ao fígado chamada de vesícula biliar. Ela só é liberada por controle hormonal. No entanto alguns componentes da bile podem cristalizar o formar a conhecida pedra na vesícula que pode impedir a chegada da bile no duodeno, o que prejudica tanto a digestão, pela falta dos sais biliares, quanto o funcionamento hepático. Nesses casos uma cirurgia pode ser necessária.

IV- Absorção
  Para melhor compreendermos a absorção dos nutrientes no TGI, vamos seguir após o duodeno, onde terminou toda a digestão dos alimentos. A partir daí tudo o que temos é absorção e excreção.

e) Jejuno e Íleo: quando o alimento chega ao jejuno e ao íleo, ele já foi completamente digerido e transformado nas biomoléculas essenciais: monossacarídeos, ácidos graxos e aminoácidos. Neste ponto do intestino ocorre toda a absorção das biomoléculas e a maior parte da absorção de água, vitaminas e sais minerais, que são os micronutrientes. Todas as substâncias absorvidas vão para capilares que estão em toda a volta do intestino delgado. A absorção se da de forma ativa e ocorre em uma longa superfície, já que nosso intestino tem de 5 a 6 metros de extensão. Além disso há a presença de vilosidades por toda a mucosa entérica o que aumenta ainda mais a superfície de absorção. Todos os nutrientes absorvidos são absorvidos nos capilares e esses são todos desviados para a veia porta hepática que conduz ao fígado, que e os destina para uso imediato, especialmente glicose e aminoácidos, ou para serem armazenadas no próprio fígado (como aminoácidos e glicogênio) ou em células especializadas, como as células adiposas.

f) Intestino Grosso: parte final do intestino, o intestino grosso tem função de absorver pequena parte dos minerais, como Ca e Na, e água, que não foram absorvidos no jejuno e no íleo. Cabe lembrar que a maior da absorção aconteceu no jejuno e íleo. Além disso, cabe ao intestino grosso conduzir o bolo fecal formado. Na porção final do grosso temos o reto e o ânus que funciona como um músculo constritor (esfíncter).










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