quinta-feira, 4 de abril de 2013



CLIMATÉRIO


O climatério se apresenta como fenômeno fisiológico decorrente do esgotamento dos folículos ovarianos que ocorre em todas as mulheres. É mais uma fase na vida da mulher, o climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase da vida biológica e não compreende um processo patológico, é uma transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. A menopausa um marco dessa fase, correspondendo ao último ciclo menstrual, somente reconhecida depois de passados 12 meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 48 aos 50 anos de idade.



O climatério não é uma doença e sim uma fase natural da vida da mulher e muitas passam por ela sem queixas ou necessidade de medicamentos. Têm sintomas que variam na sua diversidade e intensidade. No entanto, em ambos os casos, fundamental que haja, nessa fase da vida, um acompanhamento sistemático visando ,promoção da saúde, o diagnóstico precoce, o tratamento imediato dos agravos e a prevenção de danos.



Os profissionais de saúde que atendem a clientela feminina devem cuidar para que haja a maior efetividade possível. Os serviços de saúde precisam adotar estratégicas que evitem a ocorrência de oportunidades perdidas de atenção ,mulheres no climatério. Isto é evitar ocasiões em que as mulheres entram em contato com os serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional.


GESTAÇÃO NO CLIMATÉRIO




Atualmente, muitas mulheres, com relação estável ou não, têm optado por ter filhos após os 35 anos, embora este período coincida com o declínio da fertilidade, devido ao envelhecimento natural dos ovários. O potencial reprodutivo da mulher diminui gradativamente após a terceira década de vida, mesmo que a função ovariana permaneça até a menopausa. Porém, a ocorrência de amenorréia, inclusive nesta fase, impõe a realização de um teste de gravidez quando o casal não estiver utilizando um método contraceptivo seguro.



No climatério a possibilidade de ocorrência de gestação é menor, há uma maior incidência de abortamentos e de malformações congênitas, que refletem o envelhecimento e diminuição da qualidade do óvulo, o que acontece gradual e naturalmente com a idade. Além disto, com o passar do tempo, aumenta a possibilidade de desenvolvimento de infertilidade em decorrência de doenças ginecológicas, como as infecções pélvicas e a endometriose. Na ocorrência da gestação, os riscos maternos a partir dos 35 nos incluem a maior possibilidade de desenvolvimento de agravos como hipertensão arterial e Diabetes mellitus – o que é mais prevalente nas mulheres negras - relacionadas à predisposição individual e ao processo metabólico próprio do envelhecimento, agravadas pela condição da gestação, imprimindo um risco de morbidade e mortalidade maior à mulher.



A indicação de investigação de infertilidade em uma mulher após os 35 anos ocorre após 6 meses de tentativas para engravidar. Além de uma história clínica bastante cuidadosa na busca de etiologias possíveis, procede-se à análise da ocorrência de ovulação e da integridade e permeabilidade uterina e tubárea e do espermocitograma do parceiro.



A reserva ovariana de uma mulher se refere ao número de folículos primordiais presentes nos ovários naquele momento, relacionada diretamente com seu potencial reprodutivo, diminuindo mensalmente até a ocorrência da menopausa. O valor preditivo da idade, hereditariedade, número de gestações a termo anteriores e idade da menarca é limitado na estimativa sobre as chances de gestação e de resposta aos tratamentos que envolvam indução de ovulação, devendo ser pesquisados outros parâmetros que avaliem o potencial reprodutivo. São necessários outros testes para análise da reserva ovariana como parâmetros para avaliação do potencial reprodutivo, como a dosagem do FSH e do Estradiol no 3°dia do ciclo, a relação FSH/LH e o teste do clomifeno. A avaliação ultrassonográfica do aparelho genital, principalmente do aspecto e volume ovariano,também pode contribuir no diagnóstico de infertilidade.



Quando a etiologia da infertilidade é encontrada, procede-se ao tratamento específico. Para casos de infertilidade tubárea, peritoneal e sem causa aparente, procedimentos de reprodução assistida são, após os 37anos, a primeira escolha de tratamento.



As principais alternativas reprodutivas no climatério se referem a melhorar a qualidade do ovócito das mulheres, através de várias técnicas, a seguir:



• Transferência de Citoplasma: Propõe injeção de citoplasma de ovócitos jovens (de doadoras férteis) em ovócitos de pacientes inférteis, sendo melhor o resultado em mulheres de comprovada baixa fecundidade.



• Ovodoação: Consiste na utilização de ovócitos de uma doadora jovem para fertilização pelos espermatozóides do parceiro da receptora, quando esta é infértil. No climatério, onde a reserva ovariana é diminuída, esta é, atualmente a melhor opção, no entanto, este procedimento precisa ser muito bem entendido e aceito pelo casal, pois envolve a carga genética de outra mulher.



• Criopreservação de ovócitos e tecido ovariano: É uma técnica desenvolvida para manter a função reprodutiva das mulheres que necessitam fazer quimioterapia, radioterapia, cirurgia pélvica radical ou mesmo preservar a fertilidade permitindo assim que as mulheres submetidas a tratamento oncológico ou que desejem postergar a concepção, possam dispor de seus ovócitos, sem prejuízo à qualidade.



Em frente às dificuldades reprodutivas no climatério todas as opções indicadas devem ser consideradas, no aconselhamento, planejamento e acompanhamento das mulheres que desejarem gestar em idades mais avançadas, respeitando os princípios éticos e considerando as possíveis repercussões físicas e psicológicas.


SINAIS E SINTOMAS



Durante o climatério, ocorrem sintomas desagradáveis, como os que seguem:

Fogachos (ondas de calor) que, freqüente, estão associados a suores intensos e, às vezes, a tonturas e palpitações.


Suores noturnos, que fazem a mulher acordar à noite, prejudicando-lhe o sono.

Depressão e irritabilidade, que podem ser agravadas por problemas domésticos e no trabalho.

Alterações nos órgãos sexuais, como por exemplo, coceira e secura vaginal, que causam dor e desconforto durante as relações sexuais.

Diminuição do tamanho das mamas e perda de sua firmeza.

Perda de elasticidade da pele, principalmente da face e a do pescoço.

Além disso, a longo prazo, a falta de hormônios femininos leva a outras alterações que não causam sintomas imediatos, mas que têm conseqüências graves, a saber:

Os ossos ficam mais porosos e frágeis (osteoporose), o que leva ao encurvamento da coluna (a chamada "corcunda da viúva") e ao aumento do risco de fraturas, principalmente nos quadris.

Aumentam as gorduras que circulam no sangue e que se depositam na parede das artérias, levando à aterosclerose, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares como infartos, "derrames" cerebrais e hipertensão.



TRATAMENTO


Todos os sintomas e as conseqüências da carência hormonal podem ser tratados, com a orientação médica, pela terapia de reposição hormonal, ou seja, a substituição dos hormônios, que antes eram produzidos pelos ovários, por hormônios administrados através da pele (adesivos transdérmicos), por via oral (comprimidos) e, mesmo, por injeções intramusculares ou por cremes vaginais.



A administração de hormônios em comprimidos por via oral é a forma mais antiga utilizada na prática clínica. Modernamente, vem-se utilizando a via transdérmica com a mesma finalidade. Os sistemas transdérmicos são constituídos por adesivos colocados sobre a pele, que liberam diretamente para o sangue o estrogênio e o progestogênio, ou seja, os hormônios que deixaram de ser fabricados pelo ovário.



Como não há passagem inicial pelo fígado, as doses transdérmicas utilizadas são muito menores (12 vezes menor, no caso do estrogênio) do que quando se compara com as doses necessárias dos medicamentos orais. Além disso, os hormônios são liberados para a corrente sangüínea através da pele, de forma constante, gradual e uniforme, da mesma maneira como ocorre quando os ovário estão funcionando.



Por isso, esse método é considerado "fisiológico", pois se assemelha à fisiologia normal do ovário. Os sistemas de adesivos sã trocados só a cada 3 ou 4 dias, permitindo maior comodidade no tratamento. Os cremes vaginais são muito úteis no tratamento dos sintomas locais (por exemplo, secura vaginal), mas não têm efeito no restante dos sintomas. Já os medicamentos injetáveis, praticamente não são mais utilizados.



A melhor forma de tratamento, no entanto, deve ser indicada pelo médico. Nunca inicie um tratamento para o climatério ou qualquer outro tipo de tratamento, por indicação de amigos ou parentes. A decisão final sobre o melhor tipo de tratamento depende sempre da opinião do médico.


RESULTADOS DO TRATAMENTO



Depois de iniciado o tratamento com hormônios (terapia de reposição hormonal), as ondas de calor e os distúrbios do sono começam a diminuir, dentro de duas ou três semanas. Os sintomas vaginais adversos também diminuem e o envelhecimento da pele é retardado. Quando a terapia de reposição hormonal se realiza no momento adequado, ela também pode prevenir o enfraquecimento dos ossos (osteoporose) e diminuir os riscos de infarto, pressão alta e "derrames" cerebrais. A terapia de reposição hormonal "combinada" (que associa a administração de estrogênio com progestogênio), indicada para mulheres com útero intacto, pode causar um sangramento a cada ciclo, justamente por simular o funcionamento normal dos ovários.



Esse sangramento assemelha-se a uma pequena menstruação, prevenindo que o útero venha a desenvolver hiperplasia endometrial



SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

• A promoção da saúde ocorre por meio da instituição de medidas para incorporar hábitos saudáveis na rotina dessa população, visando melhorar a qualidade de vida imediata, evitando assim que possam surgir doenças ou acentuar-se no climatério e na velhice. Entre as ações de promoção da saúde aplicadas ao climatério estão a adoção da alimentação saudável, estimulo a atividade regular, implementação de medidas antitabagistas e para o controle do consumo de bebidas alcoólicas, os cuidados quanto ao tempo e a qualidade do sono, pele e outras recomendações de auto cuidado, como exame da mama, atividades psicoeducativas etc...

Instruções que devem ser apresentadas as pacientes com suspeita de sintomas referentes ao climatério, no momento da triagem. Alguns exemplos...


Problema: ANSIEDADE
Diagnóstico de enfermagem:Fadiga relacionado a ansiedade, caracterizado por libido comprometido
Assistência de enfermagem:
a) Esclarecer sobre as alterações da menopausa e descrevê-lo como um período normal na vida de uma mulher
b) Orientar quanto à diminuição das atividades que levam o estresse
c) Proporcionar um ambiente seguro, confortável, agradável
d) Organizar encontros com parceiros abordando o tema para melhor esclarecimento
e) Encaminhar ao profissional específico, caso os sintomas sejam agravados.


Problema:FOGACHOS
Diagnóstico de enfermagem:Termorregulação ineficaz relacionado ao envelhecimento, caracterizado por flutuações na temperatura corporal acima ou abaixo dos parâmetros normais.
Sistematização de enfermagem:
a) Orientar quanto ao uso de roupas livres
b) Esclarecer que as alterações de temperatura fazem parte desse período da vida da mulher
c)Orientar a realização de banho mais vezes ao dia.
Problema: GANHO DE PESO
Diagnóstico de enfermagem:Risco de nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais relacionando a comer em resposta a estímulos internos que não fome (p. ex. ansiedade).
Sistematização de enfermagem:
a) Orientar quanto à necessidade ou exercícios físicos com regularidade
b) Orientar para uma dieta nutritiva e o controle de peso aumentarão o bem estar físico e emocional
c) Encaminhar a nutricionista para controle de dieta e peso
d) Atentar para o cumprimento das orientações nutricionais
e) Encaminhar ao setor de psicologia para apoio.

Problema:INSÔNIA
Diagnóstico de enfermagem:Privação do sono relacionado a mudanças de estágios de sono relacionadas ao envelhecimento, caracterizado por ansiedade, irritabilidade
Sistematização de enfermagem:
a) Realizar atividades menos estressantes no período próximo ao repouso
b) Manter o ambiente tranqüilo, livre de ruídos que possam interferir
c) Atentar para repetição do quadro de insônia com freqüência
d) Encaminhar ao médico para suporte medicamentoso, se necessário.

Problema:ESTRESSE
Diagnóstico de enfermagem:Síndrome do estresse por mudança relacionado a isolamento, caracterizado por medo.
Sistematização de enfermagem:
a) Estimular atividades que proporcionem prazer
b)Incentivar o auto-cuidado, valorizando a auto-estima
c)Proporcionaro envolvimento em atividades externas como benefício na redução da ansiedade e tensão.

Problema:ISOLAMENTO
Diagnóstico de enfermagem:Interação social prejudicada
relacionada a processos de pensamento perturbados, caracterizado por comportamentos de interação social malsucedidos
Sistematização de enfermagem:
a) Promover eventos na comunidade com assuntos direcionados ao climatério para esclarecimentos sobre o assunto
b) Descrever essa fase da vida como marcada por potencial de conhecimento intelectual pessoal e de comprometimento e iniciação em novas atividades
c) Inferir as alterações que freqüentemente ocorrem na meia vida: afastamento dos filhos,envelhecimento, dependência dos pais, possível perda de parentes e outros.

Problemas:DISFUNÇÃO SEXUAL
Diagnóstico de enfermagem:Padrões de sexualidade Ineficazes relacionados a relacionamento prejudicado com uma pessoa significativa, caracterizado por dificuldades relatadas nas atividades sexuais.
Sistematização de enfermagem:a) Esclarecer que a atividade sexual freqüente ajuda a manter a elasticidade da vagina
b) Orientar quanto ao uso de lubrificantes diminuindo o desconforto, evitando a dispareunia (relação sexual dolorosa)
c) Orientar quanto ao tono diminuído da musculatura perineal, encorajando a praticar exercícios perineais como parasse a micção:manter por 5-10 segundos e soltar:repetir com freqüência

CASO CLÍNICO
mulher de 52 anos se apresenta com queixas de ondas de sudorese e irregularidades menstruais. Sempre teve ciclos menstruais regulares, até uma ano atrás, quando se tornaram gradualmente irregulares. A sudorese, geralmente, ocorre à noite, acordando-a. A paciente não toma medicamentos. Teve dois filhos de parto normal e nunca foi submetida a nenhuma cirurgia. Exame físico normal.

A concentração de hormônio folículo estimulante (FSH) é de 15 mU/ml (normal, 5 a 20 mU/ml).

Fonte:

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