segunda-feira, 12 de novembro de 2012

DIREITO DO ACOMPANHANTE


A mudança de ambiente mudou o cotidiano destes acompanhantes,
ocasionando alterações físicas e emocionais, como, por exemplo, a interrupção da
rotina doméstica, cansaço e perna inchada, bem como outros sentimentos como
ansiedade, nervosismo, insegurança, medo e ambivalência.Considerando o entendimento de que se há um familiar adoecido a família como um todo também adoece.


 Direito a Acompanhante
• Visita aberta é uma proposta da Política Nacional de Humanização
cujo objetivo é ampliar o acesso dos visitantes às unidades de
internação, de forma a garantir o elo entre o paciente, sua rede
social e os diversos serviços da rede de saúde, mantendo latente o
projeto de vida do paciente.
• Acompanhante: representante da rede social da pessoa
internada que a acompanha durante toda sua permanência
nos ambientes de assistência à saúde.
Se partirmos do conceito de clínica ampliada como
“trabalho clínico que visa ao sujeito e à doença, à família
e ao contexto, tendo como objetivo produzir saúde e
aumentar a autonomia do sujeito, da família
e da comunidade”, os direitos de receber
visita e de contar com um acompanhante
constituem componentes essenciais para a
concretização dessa proposta.
Historicamente, em todas as sociedades, a comunidade
sempre foi espaço de cuidados.

cuidado foi deslocado para o hospital, a pessoa
internada foi isolada do convívio cotidiano e sua
rede social (familiares, amigos e comunidade) foi
destituída de qualquer papel no processo. Observamos
tal visão materializada tanto na planta
física dos hospitais, onde não há espaço para
acompanhantes nem para visitantes, quanto nas
rotinas hospitalares, que também não consideram
a importância dos familiares e dos parceiros (ou
seja, da rede social) para o cuidado. Assim ocorre
de a pessoa doente, quando internada em uma
unidade de tratamento, perder parte ou toda a
sua autonomia. Dessa forma, o que chegar até
ela, vindo dos seus entes queridos, tem a potência
de induzi-la à retomada de si e, em decorrência,
contribuir para a sua reabilitação.
Como são percebidos, atualmente, a visita e
o acompanhante nos serviços de saúde?
• Visita e acompanhante são vistos como elementos
de obstrução ao trabalho do hospital,
um “peso” a mais, uma demanda que precisa
ser contida.

Faltam estrutura física e profissionais destinados
ao acolhimento dos visitantes e dos
acompanhantes.
• Dificuldade de compreensão da função do
visitante e do acompanhante na reabilitação
do doente, tanto por parte dos gestores quanto
dos trabalhadores e dos familiares.
• Faltam e, quando há, são muito precárias
as condições para a permanência de acompanhantes
em tempo integral no ambiente
hospitalar.
Por que redimensionar o espaço da
visita e do acompanhante em um
hospital?
• Para melhor captar os dados do contexto de vida
do doente e do momento existencial por ele vivido,
possibilitando um diagnóstico abrangente.
• Para ajudar na identificação das necessidades
do doente e, por meio de outras informações
fornecseus principais problemas, a fim de facilitar a elaboração do projeto
terapêutico singular.
• Para manter a inserção social do doente durante toda a sua internação.
• Para permitir, desde o início, a integração do acompanhante e dos
familiares no processo das mudanças provocadas pelo motivo da
internação e das limitações advindas da enfermidade, colaborando
com o doente no enfrentamento destas.
• Para incluir, desde o início da internação, a comunidade no processo
dos cuidados com a pessoa doente, aumentando a autonomia
desta e a dos seus cuidadores.
• Para propiciar outra ordem de relações de solidariedade e responsabilização
pelo espaço hospitalar. Acompanhantes mais experientes
têm demonstrado que isso é de grande ajuda, orientando os
recém-chegados.
• Para a equipe orientar os membros da família quanto ao seu papel
de cuidadores leigos, que podem aprender algumas técnicas para
a continuidade do cuidado em casa.
• Para permitir que a pessoa internada perceba a participação dos
familiares no seu tratamento, enquanto confirmação do afeto. No
caso especial dos idosos, o mesmo ocorre como forma de retribuição
a tudo o que estes já deram de si. Isso corrobora a idéia de que osidas pelos familiares, compor o quadro dos

laços familiares e afetivos são fortalecidos nos
momentos de hospitalização.
• Para colaborar na observação das alterações
no quadro clínico e comunicá-las à equipe.
Não existe melhor monitor que o acompanhante
atento.
• Para que a equipe de cuidados possa detectar
manifestações excessivas ou condutas inadequadas
ao projeto terapêutico do doente,
seja por parte dos familiares ou dos visitantes
da comunidade, com a finalidade de tentar
influir no seu reajuste.
• Para fortalecer, na pessoa doente, a sua
identidade pessoal e sua auto-estima.
Visita aberta e acompanhante:
necessidades vitais
Receber de uma outra pessoa uma confirmação
da própria existência é uma necessidade
vital de todos nós. A visita e o acompanhante
possibilitam ao paciente internado receber essa
confirmação.

Quando uma pessoa é internada em um hospital, ela deixa de ter
os ecos que no seu cotidiano lhe confirmavam sua própria existência.
Assim, tudo o que vier dos territórios afetivos e permitir essa afirmação
íntima pode contribuir para o seu tratamento.
Um sábio pensador do povo indígena Nambikwara, do norte do
Estado de Mato Grosso, em certa ocasião, assinalou com força poética
a importância do olhar do outro para a constituição do sujeito,
ao afirmar que “a alma de uma pessoa é a sua imagem no olho do
outro” (FIGUEROA, 1989).
Do ponto de vista fisiológico, a visita e o acompanhante estimulam
a produção hormonal no paciente, diminuindo o seu estado
de alerta e a ansiedade frente ao desconhecido, trazendo mais
serenidade, confiança e, em conseqüência, uma resposta mais
positiva aos tratamentos.
Desdobramentos da visita aberta e do
acompanhante como manutenção do contexto
• Favorecem uma continuidade entre o contexto da vida em família e
na comunidade e o ambiente hospitalar, para que o doente não desenvolva
o sentimento de ter sido arrancado de sua vida cotidiana.

• Dão expressão vital a essa continuidade, trazendo o cheiro dos territórios
afetivos para dentro do hospital, de modo a atestar o respeito
da instituição à continuidade da vida das pessoas internadas.
• Criam, com a presença da comunidade no seio do hospital, as
condições propícias para a expressão do autêntico da vida da
pessoa internada.
• Trazem a noção de que reconhecer a pessoa em sua expressão
subjetiva e sociocultural constitui a base para a sua co-responsabilização
pelas condutas terapêuticas.
O hospital como um espaço de construção da
autonomia do autocuidado
O espaço hospitalar pode ser percebido pela pessoa doente e seu
acompanhante como um lugar seguro quando nele os profissionais de
saúde atuam como promotores e guardiões da integridade da vida.
Experiências nesse sentido têm potência para induzir os familiares a
reproduzir “em casa” as atitudes e os comportamentos recomendados,
tornando o espaço residencial um lugar reabilitador, um verdadeiro
ambiente de vida ajustado à situação de cuidado.
Assim, a instituição amplia sua ação de saúde até a comunidade
e mantém ativa a responsabilização dos familiares em relação ao
doente. A volta para casa, em muitos casos, acontecerá naturalmente,

odendo até tornar desnecessárias as medidas
de “reinserção social”.
Visita e acompanhante: promovendo
relações solidárias e responsáveis
A experiência de vários hospitais com acompanhantes
sugere ser este dispositivo um fator
promotor de solidariedade.
Em um hospital onde foi implantada tal possibilidade
para toda pessoa internada, havia um
setor que freqüentemente apresentava problemas
relacionais de diversas ordens. Instituiu-se, então,
um espaço diário de conversa com os acompanhantes,
o que mudou radicalmente a atitude
destes no ambiente de cuidado. De uma postura
passiva e, muitas vezes, agressiva, eles passaram
a ter atitudes amistosas e de cooperação para
com o coletivo, cuidando da arrumação da
enfermaria e da manutenção das combinações
estabelecidas.

Com a dificuldade de manutenção de um profissional
disponível para este bate-papo diário, ficou
instituído que acompanhantes mais antigos fariam
tal papel quando necessário. Essa abertura para
uma co-responsabilização maior e a confiança
depositada nos acompanhantes mostraram que
atitudes de inclusão promovem relações solidárias
e o aumento da responsabilização de todos para
com os cuidados à saúde.
Visitas e acompanhantes fazem bem
à saúde: orientações
Visita e acompanhante são pessoas que devem
ser consideradas “elementos integrantes
do projeto terapêutico”, pois possuem evidente
eficácia clínica.
Para a implementação da visita aberta e a
permanência do acompanhante, as seguintes
orientações podem ser assinaladas:
• A inclusão das visitas e dos acompanhantes
como parte do projeto terapêutico do doente

pressupõe que se procure conhecer como se compõe a sua rede
social e como contatá-la.
• A necessidade de visita e acompanhante não pode ser dimensionada
somente pela equipe de cuidados. Sempre que possível, a
autorização de visitas e acompanhantes deve respeitar o desejo e
a autonomia do paciente e considerar as demandas específicas.
Visita de crianças, por exemplo, pode ser um fator importante para
a reabilitação da pessoa internada.
• Alguns pacientes clinicamente estáveis podem ter necessidade do
apoio de amigos e de familiares específicos. Portanto, cabe à equipe
escutá-los a este respeito.
• Pacientes inconscientes também sentem a presença de amigos e
familiares. Uma pessoa querida pode confortar um paciente grave,
em estado de coma, o que, de alguma forma, pode ser traduzido
como: “estou aqui com você”.
• Deve ser verificada a adequação de locais para que os doentes
em condições de locomoção possam receber os visitantes fora do
leito. De igual forma, deve ser conferida a adequação do espaço
do hospital para a inclusão do acompanhante.
• A flexibilidade nos horários de troca de acompanhantes deve ser
observada com atitude de respeito às suas necessidades.

• A equipe multidisciplinar, para o acolhimento e a integração da
visita e do acompanhante nas práticas do cuidado, deve ter sua
qualidade potencializada por meio de capacitação específica para
cada caso.
• No momento da visita, deve estar presente um integrante da equipe
responsável pelo doente.
• As situações de tensão (entre o paciente e os seus familiares e acompanhantes
ou entre o paciente e a equipe de referência) devem ser
tomadas como analisadores1 por parte da equipe (de preferência com
apoio de profissional da Saúde Mental). Com tal medida, objetiva-se
aumentar a compreensão do contexto e melhor definir qual deve ser
a atuação terapêutica efetiva na gestão de conflitos e tensões.
De igual forma, deve-se adequar o ambiente hospitalar de acordo
com as culturas. Com freqüência, indígenas hospitalizados, por
exemplo, têm a necessidade de ser acompanhados por um número
maior de parentes, por motivos culturais (que implicam significados
etnomédicos e também religiosos). Adaptar o ambiente hospitalar
para que a “família” seja acolhida é uma atitude de respeito à diversidade
cultural e ao grau de vulnerabilidade ampliada a que está
sujeita essa população.
1 Analisadores (naturais) são fatos que

Vejamos alguns exemplos
O serviço de clínica médica de um hospital
percebeu que certo paciente não estava recebendo
visitas. Ele reagia pouco aos tratamentos.
A assistente social da equipe de cuidados identificou
que sua família morava distante e que isso
era motivo de certa nostalgia. A equipe, então,
procurou contatá-la. Certo dia, chegaram para
visitá-lo seis pessoas da família, vindas de um
estado distante. Pela portaria, a equipe foi informada
da presença dos familiares, que tinham
pouco tempo para visitar o paciente. Foi então
permitida a entrada de todos os familiares. O
hospital já tinha se preparado para acolher casos
especiais e todos os funcionários mantinham um
olhar atento a essas situações. Tinha também
adaptado um pequeno local onde o paciente
pudesse receber suas visitas mais à vontade.
Depois desse fato, o estado de ânimo do paciente
mudou, refletindo uma resposta clínica
ao tratamento. A adoção dessa postura flexível










trouxe mais satisfação para toda a equipe do
hospital, que passou a ver de uma forma mais
integral as necessidades do paciente.
A implementação do dispositivo da PNH
“Visita Aberta e Direito a Acompanhante” em
vários hospitais do País tem demonstrado sua
possibilidade e pertinência. As experiências de
ampliação do horário de visita para todos os
pacientes para 10 horas diárias, ou seja, de
10 ou 11 horas às 20 horas, não se esgotam
em si mesmas, mas incitam a adoção de novas
práticas de gestão para o acolhimento a
familiares e à rede social dos pacientes. Entre
tais práticas, cabe mencionar a intensificação
do trabalho em equipe/equipes de referência,
a discussão e o redimensionamento dos espaços
físicos e dos espaços das relações entre
trabalhadores e visitantes/acompanhantes, a
mudança na logística do hospital, no censo
diário, na informatização da recepção e na
descoberta de novas estratégias de comunicação
com os visitantes.

O modo de operar essas mudanças nos remete ao envolvimento
dos vários agentes com potência para que as promovam: gestores,
gerentes e trabalhadores.
Numa experiência em um hospital público de grande porte que
programou a implantação da visita ampliada, foram percebidas
como pontos estratégicos a decisão e a participação ativa da gestão,
que se envolveu nas primeiras discussões com as gerências e com
alguns grupos de trabalhadores, constituindo um grupo de trabalho.
Tal grupo iniciou sua atuação com atividades de sensibilização dos
vários agentes do hospital.
Foi realizada, ainda na fase inicial da proposta, uma pesquisa
veiculada no contracheque de cada trabalhador, o que possibilitou
incitar a discussão do dispositivo junto a todo o universo dos trabalhadores
do hospital. A pesquisa partia de situações do cotidiano dos
hospitais em relação ao horário restrito de visita e fazia um convite ao
trabalhador para se ver enquanto usuário. As questões relacionadas
à necessidade de se ampliar o horário de visita foram constatadas
em mais de 90% dos questionários respondidos.
A decisão de implantação da visita aberta pelo colegiado gestor
do hospital teve como consigna a construção coletiva da proposta,

om a formulação de diretrizes para elaboração do plano de ação
feitas a partir de rodas de sensibilização direcionadas.
Foram iniciadas oficinas para a construção da proposta de visita
aberta por unidade de produção. As oficinas tinham como metodologia
a problematização do tema, com momentos nos quais as resistências
são acolhidas, possibilitando que as questões levantadas disparassem
o debate e propiciassem o avanço para as proposições.
A construção da proposta se efetivou dessa forma, sendo que sua
validação e sua aprovação ocorreram nas instâncias de decisão do
hospital, inaugurando, desde esse momento, um novo modo de inclusão
de familiares e da rede social dos pacientes no espaço hospitalar.
Embora tenham ocorrido discussões e resistências acentuadas dos
chamados setores fechados, o resultado desse processo de escuta e
problematização foi a celebração de um pacto entre essas unidades
para a unificação das propostas, com a implantação da visita aberta,
das 11 às 20 horas, em todas as unidades de produção, incluindo
CTIs.
Merecem destaque no acompanhamento do processo de implantação:
• as rodas de avaliação-relâmpago, para ajustes da logística;

• o apoio na organização de situações específicas
nas enfermarias;
• as capacitações das portas de entrada;
• o apoio da Assessoria de Comunicação para
a confecção de folhetos e a realização de
intervenções no serviço de som do hospital
com orientações aos visitantes.
Entre as questões relevantes apresentadas
nas primeiras oficinas de avaliação, as mais
importantes foram:
• o afluxo muito grande de visitantes, uma vez
que não se havia fixado, a priori, o número
de visitantes por dia. Ficou estabelecido que
seis visitantes por usuário seriam um número
adequado;
• a logística pensada para a portaria, que não
funcionou adequadamente, o que significou
desdobramentos, incluindo reformas de área
física, revisão de fluxos, entre outras ações
que foram surgindo, após as oficinas de
avaliação, para ajustes do processo.

O resultado de pesquisas avaliativas realizadas
sinaliza para o aumento do grau de
satisfação dos usuários, dos familiares e da
rede social para com o hospital, bem como
para o fortalecimento do protagonismo dos
trabalhadores – guardiões desse processo.
No processo de implementação da visita
aberta e do direito a acompanhante nesse
hospital, as oficinas bimensais de avaliação
com metodologias interativas têm sido uma
constante. Questões, problemas e propostas
levantados são imediatamente transformados
em ações concretas, o que produz movimento
de mudança, fortalecimento de subjetividades
e a certeza de que a humanização hospitalar
pressupõe a adoção desse dispositivo.
Acompanhante no parto
Por princípio, o parto e o nascimento são essencialmente
e a um só tempo atos fisiológicos
e acontecimentos sociais, culturais e afetivos

da vida das mulheres e das comunidades. Não
existe, portanto, justificativa para que as mulheres
permaneçam sozinhas nesse momento. Evidências
científicas têm comprovado que o apoio à mulher
no momento do parto melhora as condições de
nascimento, diminuindo os índices de cesarianas,
de partos complicados, a duração do trabalho
de parto, a ocorrência de depressão pós-parto e
o uso de medicações para alívio da dor.
O apoio contribui também para que a mulher
perceba o parto como uma experiência positiva
na sua vida, com fortalecimento dos vínculos
entre o acompanhante, a mãe e o bebê, com
efeitos que geralmente se espelham no aumento
da duração do aleitamento materno.
Acompanhar uma mulher no momento do
parto é permitir que as suas competências
naturais para condução desse processo sejam
potencializadas.
Para isso, é necessário criar um contexto propício,
um ambiente físico e de relações ajustado

onde a mulher se sinta autorizada a viver toda
a intensidade desse momento.
O acompanhante no parto é a pessoa que a
própria mulher escolhe para estar ao seu lado
durante todo o processo, podendo ser o marido,
o namorado, a mãe, a amiga, a irmã, a vizinha
ou qualquer outra pessoa com a qual ela se
sinta confiante para viver tal experiência.
Ele deve ser apoiado pela equipe de cuidados,
para que desenvolva o importante papel de ser
quem encoraja, apóia, confirma a mulher na
sua vivência da experiência do parto.
Não podemos esquecer que o acompanhante
é parte integrante do processo e que ele também
passará por vivências fortes muitas vezes.
Quando o acompanhante é o pai da criança
que vai nascer, a experiência pode ser fundamental
para ajustamentos na sua relação com
a mulher e o bebê. Muitos depoimentos de
pais que acompanharam o processo do parto
e do nascimento de seus filhos revelam maior

participação dos genitores nos cuidados com os recém-nascidos e
na valorização de suas mulheres.
Atualmente, o direito à presença de acompanhante no parto é uma
conquista, regulamentada pela Lei n.º 11.108, sancionada em 7 de
abril de 2005, razão pela qual cabe às maternidades o ajuste do
olhar para esse novo integrante, redimensionando o espaço físico e a
abordagem da equipe no sentido de potencializar a sua presença.
Algumas dicas para as maternidades
• Para se ter acompanhante no parto há que se propiciar um ambiente
de privacidade no pré-parto, que pode ser feito com biombos ou
cortinas, em caso de espaço físico reduzido.
• Deve-se construir, contíguo ao ambiente de pré-parto, quando possível,
uma área verde ou criar um pequeno jardim. Caminhar favorece
o parto e fazê-lo com o acompanhante redunda em segurança.
• É aconselhável a retirada da sala de parto normal do ambiente
cirúrgico, a fim de facilitar a entrada do acompanhante.
• O acompanhante pode ser um grande aliado dos profissionais do
cuidado no encorajamento à mulher no momento do parto. Para
isso, é fundamental que ele seja informado de todo o processo e
que suas questões sejam consideradas e entrem em pactuação.

Quando for preciso, a equipe deve ajudá-lo a se integrar à cena do
parto, incentivando-o a dar apoio físico e emocional à mulher.
• Cursos e reuniões estabelecidos como requisitos podem constituir
barreiras que limitem a participação de acompanhantes que não
têm condições de comparecimento.
São as atitudes de reconhecimento e inclusão pelos profissionais
do hospital que induzem a responsabilização do acompanhante,
facilitando eventuais ajustes de conduta de acordo com a situação.
A PNH e a ressignificação do acompanhante e da
visita aberta
A presença do acompanhante, do visitante, de familiar ou de representante
da rede social do paciente no ambiente hospitalar é, indiscutivelmente,
uma marca fundamental que pode mudar as relações de
poder nas instituições de saúde, aumentando o grau de protagonismo
dos usuários. Traz também uma reorientação na prática profissional,
norteada na interação com o contexto de vida do paciente.
A história da instituição hospitalar é marcada pelo viés autoritário nas
práticas de gestores e trabalhadores, enquadrados por normas e procedimentos
rígidos em relação ao acompanhante e à visita. Tais normas
há muito não são questionadas e nem revistas. No entanto, com o re

conhecimento do direito a acompanhante e a visita aberta nos hospitais
privados, um outro cenário se apresenta à realidade no SUS.
A inclusão do familiar e do representante no espaço do cuidado
provoca uma ressignificação do “lócus hospitalar” como difusor do
cuidado público da saúde, ampliando seu papel na comunidade,
na medida em que promove mudanças na organização do processo
de trabalho e de produção de saúde, numa perspectiva de solidariedade
e de responsabilidade coletiva, marcas da Política Nacional
de Humanização.

Cartilha da PNH
26 Visita Aberta e Direito a Acompanhante
Forte Apelo
Para cuidar de alguém
No momento da enfermidade
Precisamos do calor
De toda a comunidade,
Dos amigos, da família,
De muita fraternidade
Por isso preste atenção
Naquilo que vou falar
Visita é uma coisa séria
Ajuda o doente a curar
Faz ele ficar ciente
Do que acontece no lar
Quando a doença pega
A pessoa desprevenida
Perdemos a confiança
Ficamos frágeis na vida

Tudo fica diferente:
Passamos a ser doente
A casa fica distante
E tudo o que se fazia
A vida muda bastante
Parece ficar vazia
Ficamos sem paciência
E também sem alegria
Mas quando, no hospital,
Chega a hora da visita
Vem um clima diferente
E a gente acredita
Que tudo vai melhorar,
Que a vida vai ser bonita
A visita dos parentes
E dos amigos distantes
Dá força pra levantar
Tocar a vida adiante

Sentindo que essa presença
Nos deixa mais confiantes
A gente se sente melhor
Dá vontade de comer
Falar das coisas da vida
Do que cerca o seu viver.
Então já não sou só doente
Tenho um nome, sou um ser.
Tenho um nome, SOU UM SER...
Que tem sua própria história
E posso mostrar pras pessoas
Toda a minha trajetória
E tudo o que sei e sou
Faz parte do meu viver!
Se o parente não chegou
Na hora do combinado
Pegou o caminho errado
Chegou um pouco atrasado
Não tem por que não entrar
É preciso entender

Que não foi caso pensado
Outra coisa é o horário
Que é sempre muito pouco
Pra tanto o que se falar
Pra tanto tempo distante
Seria muito melhor
Que tivesse acompanhante
Pra ajudar nos cuidados
E pra fazer companhia
Vigiar quando preciso
Sei que é muita correria
Não tem por que dispensar
Esse apoio dia-a-dia
Digo então pros hospitais
Como doente que fui:
Visita nunca é demais
É força que contribui
Pro enfermeiro ou doutor
Aliviar minha dor

Por fim, quero dizer
Reforçando o meu recado:
No plantio da semente
Deve o chão tá preparado
Senão tem um grande risco
De nascer atrofiada
Meus amigos, meus irmãos
Que trabalham na saúde,
Preparem o coração,
Mudem de atitude,
Acolhendo os visitantes
De forma ampla, afinal
Que os serviços de saúde
E toda gente envolvida
Possam ser os guardiões
E os promotores da vida
Adotando a visita
Aberta no hospital.

Referências Bibliográficas
BAREMBLITT, G. Compêndio de análise institucional e outras correntes.
Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992.
CAMPOS, G. W. S. A clínica do sujeito: por uma clínica reformulada
e ampliada. In: ______. Saúde paidéia. São Paulo: Hucitec, 2003,
p. 51-67.
FIGUEROA, A. L. G. Comunicação intercultural em saúde. Subsídios
para uma ação social em educação indígena. Dissertação (Mestrado
em Ciência da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, 1989. 275 p.
PENA, S. B.; DIOGO, M. J. D. E. Fatores que favorecem a participação
do acompanhante no cuidado do idoso hospitalizado. Rev. Latino-am.
Enfermagem [s.l.], v. 13, n. 5, p. 663-669, set./out. 2005.
RESSÉGUIER, J. P. As bases da reabilitação integrada. Colóquio de
Florença, 2003.
______. Bases de aplicação prática da Reabilitação integrada. Anais
do Congresso Internacional IMR, Florença, 2003. [s.l.]: Ed. IMR,
2004.


BEM AQUI ESTA UM POUCO QUE DEVEMOS RESPEITAR O ACOMPANHANTE,POIS ELES TEM DIRETO ASSIM COMO NOS TRABALHADOR TEMOS SÓ BASTA SER RESPEITADO, PARABÉNS AQUELES QUE RESPEITA O ACOMPANHANTE TANTO DE GESTANTE COMO DE CLÍNICOS E TODOS OS OUTROS ACOMPANHANTE,BJS ATE MAIS
UMA MATÉRIA QUE DEVE SER LIDA.




















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