As ações musculares podem ser testadas de várias maneiras. O teste muscular é geralmente realizado quando há suspeita de lesões neurais.
Existem dois métodos comuns para determinar o estado da função motora:
1) o paciente realiza certos movimentos contra resistência produzida pelo examinador e2) o examinador realiza certos movimentos contra resistência produzida pelo paciente.
Por exemplo, quando se testa a flexão do antebraço, pede-se ao paciente para fleti-lo, enquanto o examinador resiste ao esforço. O outro método é solicitar ao paciente para manter o antebraço fletido enquanto o examinador tenta estendê-lo. A última técnica permite ao examinador avaliar a força do movimento.
A eletromiografla é outro método usado para testar a ação dos músculos (Basmajian e DeLuca, 1985). Eletrodos são inseridos no músculo e pede-se ao paciente para realizar determinados movimentos. As diferenças de potencial elétrico de ação dos músculos são amplificadas e gravadas. Um músculo normal, em repouso, não mostra qualquer atividade. Usando esta técnica, é possível analisar a atividade de um músculo individual durante diferentes movimentos.
A estimulação elétrica de músculos também pode ser usada como parte do programa de tratamento para recuperar a ação de músculos. O músculo cardíaco responde ao aumento da demanda por aumento no tamanho de suas fibras; isto é chamado de hipertrofia compensatória.
Nenhuma nova fibra muscular cardíaca é formada porque estas células são incapazes de se dividir (por exemplo, sofrer mitose). Quando o miocárdio (músculo do coração) é lesado (por exemplo, durante um ataque cardíaco) forma-se tecido fibroso cicatricial. Quando o tecido miocárdico fica necrótico (isto é, morre), a lesão é chàmada de infarto do miocárdio (IM).
Da mesma forma que os músculos esquelético e cardíaco, as células do músculo liso sofrem hipertrofia compensatória em resposta a aumento da demanda.
Durante a gravidez, as células musculares lisas na parede do útero não apenas aumentam em tamanho (hipertrofia ), como também aumentam em número (hiperplasia). Em conseqiiência, o músculo liso tem uma notável capacidade de regeneração.
A arquitetura dos músculos
A - Fibras paralelas de ponta a ponta
B - Fibras quase paralelas (em formas de leque)
C - Fibras penadas convergindo em um tendão central
B - Fibras quase paralelas (em formas de leque)
C - Fibras penadas convergindo em um tendão central
Os principais componentes de um músculo estriado esquelético são o seu ventre carnoso (vermelho) e o tendão fibroso (branco).
Estrutura dos Músculos
Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais se derivam divisões sempre mais delgadas.
O músculo fica assim dividido em feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores (primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas delgadas que envolvem cada uma das fibras musculares.
A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro). A fibra muscular tem o aspecto de um filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos (quando geralmente a célula tem um só núcleo) de modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam os seus limites, fundindo-se umas com as outras.
O citoplasma da fibra (isto é, toda a restante parte da fibra, com exclusão do núcleo) aparece estriado transversalmente de faixas alternadamente claras e escuras.
Essa estrutura existe somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos, os quais são por isso chamados músculos estriados.
A estriação não existe, ao contrário, nos músculos viscerais, que se chamam, portanto, músculos lisos. Ao longo dos septos que dividem os feixes de fibras, ramificam-se arteríolas e vênulas, enquanto ao longo da membrana que envolve cada uma das fibras se expandem os capilares que formam uma rede de malhas retangulares.
Ao longo dos mesmos septos caminham ramificações nervosas motoras e sensitivas que penetram depois nas fibras; os filamentos motores trazem à fibra o estímulo para que esta se contraia; os filamentos sensitivos, ao contrário, recolhem informações sobre o estado do músculo, sobre o seu grau de contração, e as transmitem ao cérebro.
Os músculos esqueléticos, em suma, são órgãos muito vascularizados e muito inervados.
Os músculos viscerais são também constituídos de fibras fusiformes, mas muito mais curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm, na verdade, um tamanho que varia de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só núcleo e são privadas de estrias.
Estes músculos se chamam, portanto, fibras lisas e não são comandados pela vontade. As fibras lisas recebem, também, vasos e nervos motores provenientes do sistema simpático.
Na enumeração dos principais músculos do corpo limitar-nos-emos aos músculos esqueléticos, isto é, aqueles que permitem os movimentos da cabeça, do tronco e dos membros. Deixamos de lado os nossos músculos viscerais que pertencem intrinsecamente aos órgãos e nao têm, quase nunca, um nome seu próprio.
O número de músculos esqueléticos não se pode estabelecer com exatidão porque em algumas regiões os corpos musculares não se podem delimitar de modo preciso. O número médio gira em torno de 327 músculos pares (isto é, duplos, porque existem de um lado e de outro do nosso corpo); apenas 2 são, pelo contrário, ímpares, isto é, únicos.
Principais Músculos do Corpo Humano
Músculos da Cabeça
Os músculos da cabeça podemse classificar em esqueléticos e cutâneos.
Músculos Cutâneos
No pescoço há um único músculo cutâneo, mas na cabeça, e mais particularmente no rosto, os músculos cutâneos são numerosos e servem para compor os vários aspectos da fisionomia (músculos mímicos).
Na cabeça existe um largo músculo cutâneo, o músculo epicrânico, que recobre toda a abóbada do crânio, abaixo da pele.
Nele distinguem-se três partes: uma anterior, o músculo frontal; uma média, que não tem estrutura muscular mas tendinosa, a aponeurose epicrânica; uma posterior, o músculo occipital.
O músculo frontal é também chamado o músculo da atenção porque, contraindo- se, enruga a testa. O músculo occipital também termina na aponevrose, mas parte, posteriormente, do osso occipital. No homem, o músculo occipital é pouco desenvolvido, e nas contrações puxa para trás o couro cabeludo.
Dos lados da orelha existem três músculos cutâneos chamados músculos auriculares (anterior, posterior e superior) pouco desenvolvidos porque, como se sabe, a orelha não é dotada de movimento. Esses poucos e limitados movimentos que a orelha pode realizar são devidos aos músculos auriculares.
Na testa existe um outro músculo cutâneo, o músculo superciliar, chamado também músculo da agressão, porque, contraindo-se, determina a formação de rugas transversais da pele da testa (entre os dois supercílios e em cima do nariz), contribuindo para dar ao rosto uma expressão ameaçadora.
Os outros músculos cutâneos se dispõem, na face, em torno da abertura da boca, do nariz e das órbitas. São muito desenvolvidos do lado funcional e a sua contração, isolada ou associada, dá ao rosto a expressão dos sentimentos. A volta da órbita há o músculo orbicular dos olhos, dito também orbicular das pálpebras. Está disposto em anel à volta do olho e, com as suas contrações, determina o fechamento das pálpebras e intervém na distribuição das lágrimas.
Na maçã do rosto existe o músculo zigomático, dito também músculo do riso, porque, agindo sobre os lábios, determina o alongamento da abertura bucal e a sua curvatura com concavidade voltada para cima (puxa para cima os ângulos da boca) na típica figura do riso.
O lábio superior é levantado principalmente pelo músculo quadrado do lábio superior, que dá ao rosto uma expressão de desgosto: na verdade, ele deixa imóveis os ângulos da boca enquanto dilata as narinas como na ação de cheirar. Nos ângulos da boca se insere o músculo incisivo do lábio inferior que os puxa para dentro e para diante, como no muxoxo, no ato de chupar e de beijar.
Na mandíbula se inserem dois músculos cutâneos: o quadrado do lábio inferior e o triangular. O primeiro puxa para baixo e para fora o lábio inferior, dando boca uma expressão de desgosto. O segundo atua mais diretamente sobre os ângulos da boca, puxando-os para baixo e lateralmente. Também este imprime ao rosto uma impressão de desgosto ou de riso forçado.
A boca está contornada por um músculo em anel, o orbicular da boca, dito também orbicular dos lábios, que fecha os lábios.
Na bochecha encontra-se o músculo bucinador que se estende da região entre a arcada zigomática e o nariz, até o maxilar inferior. Agindo juntos, os dois bucinadores puxam para trás os ângulos da boca, alongando a abertura bucal e aproximando os lábios.
Os bucinadores se contraem quando “sopramos”, como no assobiar, no apagar uma vela, no tocar um instrumento de sopro, isto é, todas as vezes que se expele o ar que enche a boca e estufa as bochechas.
Todos os músculos da cabeça que temos até agora mencionado pertencem ao grupo dos músculos cutâneos, não só por suas características anatômicas, mas também pela inervação, que é comum a todos e diversa daquela dos músculos esqueléticos.
Os músculos cutâneos da cabeça ou músculos mímicos são, na verdade, inervados pelo nervo facial, enquanto os esqueléticos são inervados pelo nervo trigêmeo.
Músculos Esqueléticos
São chamados músculos mastigadores porque determinam os movimentos do maxilar inferior.
O maxilar inferior realiza três tipos de movimento: levanta-se, abaixa e se volta lateralmente.
Os que fazem o maxiliar executar movimentos são quatro: o músculo temporal, o músculo masseter, e os dois músculos pterigóideos (interno e externo).
O músculo temporal e o masseter são externos, apenas sob a pele. O temporal parte da têmpora e o masseter da arcada zigomática. Ambos elevam o maxilar inferior.
Os músculos pterigóideos são profundos. Se os dois músculos externos se contraem, ao mesmo tempo, o maxilar inferior é projetado para a frente, enquanto será levado para um lado pela contração de um só músculo. O pterigóideo interno eleva o maxilar inferior.
Como se vê, os músculos “mastigadores” têm somente a função de elevar o maxilar inferior e de avançá-lo para a frente ou para os lados.
Músculos do pescoço
No pescoço existe um único músculo cutâneo, o cuticular, que tem a forma de uma lâmina quadrilátera muito larga que cobre toda a região lateral do pescoço. A sua ação é de puxar para baixo e para o lado os ângulos da boca (tem, portanto, importância também na mímica); quando se contrai fortemente levanta a pele do pescoço em rugas transversais e puxa para cima a pele do peito.
Todos os outros músculos do pescoço são esqueléticos e se classificam em anteriores (chamados supraióideos e subióideos, conforme se acham acima ou abaixo do osso hióide), posteriores e laterais.
Um músculo destaca-se dos demais e é o mais importante: o esternoclidomastoideo.
É assim chamado pelas suas inserções: na verdade, se liga, por uma parte, ao esterno e à clavícula, e, por outra, à apófise mastóide do osso temporal. Percorre, portanto, todo o pescoço lateralmente.
É o músculo que faz voltar a cabeça de lado: neste caso, o músculo do lado oposto faz saliência de modo bem visível, principalmente nos indivíduos magros.
Quando os dois esternoclidomastoideos se contraem ao mesmo tempo, se a cabeça está distendida, fazem-na ficar mais distendida ainda; se, ao contrário, a cabeça está flexionada, fazem-na flexionar mais. Desde que o ponto de inserção na cabeça (mastóide) se torne fixo, os músculos esternoclidomastoideos fazem levantar o tórax.
Músculos Supraióideos
Aproximam o osso hióide do maxilar inferior e da base do crânio.
São quatro: o miloióideo, o estiloióideo, o gênioióideo e o digástrico. Têm a função de abaixar o maxilar inferior ou então de levantar o osso hióide, como acontece na deglutição.
Os músculos da coluna dorsal são destinados principalmente a endireitar o tronco quando está flexionado. Eles asseguram também o equilíbrio e a estática do corpo, quando o indivíduo carrega um peso.
Músculos Subióideos
Estendem-se do osso hióide à caixa torácica e servem para abaixar a laringe.
São quatro: o esternoióideo, o omoióideo, o esternoiróideo e o tiroióideo.
Músculos Posteriores e Laterais
Os músculos hióideos estão situados na parte anterior do pescoço.
Posteriormente há os músculos prévertebrais, que estão adiante da coluna vertebral; e, lateralmente, os músculos escalenos, que se inserem sobre vértebras e sobre costelas, determinando a expansão da caixa torácica: são músculos que permitem a inspiração, isto é, a entrada de ar nos pulmões, e são, assim, chamados músculos inspiradores.
Músculos do Dorso
Os músculos da região dorsal podem ser classificados em dois grupos, um superficial outro profundo.
Os músculos superficiais são músculos muito largos que, com a sua própria superfície, recobrem os músculos subjacentes. Inserem-se de uma parte nas vértebras e de outra parte nos membros.
Nos músculos da camada profunda, contrariamente, achamos músculos encarregados do movimento das costelas e da coluna vertebral, que são chamados, respectivamente, espinocostais e espino-dorsais.
Músculos Superficiais
Em cima, achamos o músculo trapézio, que tem a forma de um triângulo muito grande, e se insere, de um lado, nas vértebras cervicais e no osso occipital, e, de outro, na omoplata. Quando os trapézios se contraem juntamente, dos dois lados, levam a cabeça para trás, isto é, a estendem.
Para mover a espádua para cima, para dentro e para trás, devemos contrair um único músculo trapézio, de um só lado.
Um outro músculo superficial é o grande músculo dorsal. E também esse triangular e está situado inferiormente ao trapézio. Toma, na verdade, inserção nas vértebras torácicas e lombares por meio de uma vasta aponeurose.
Do lado oposto se insere no úmero. Contraindo-se, leva o braço para dentro e para trás.
Os músculos denteados posteriores (superior e inferior) vão das vértebras s costelas. O músculo superior abaixa as últimas costelas; o inferior levanta as primeiras costelas.
Músculos Espino-Costais
Também se inserem na espinha dorsal e nas costelas, participando dos movimentos respiratórios.
Músculos Espino-Dorsais
São músculos muito complexos que, no seu conjunto, servem para estender a coluna vertebral e mantê-la direita na posição ereta.
Músculos do Tórax
Os músculos do tórax podem ser classificados em duas categorias: os músculos tóraco-apendiculares, que ligam o tórax ao membro superior, e os músculos intrínsecos do tórax) que vão da coluna vertebral às costelas. O diafragma é um músculo à parte.
Músculos Tóraco-Apendiculares
São os músculos do peito, entre os quais se distinguem o grande peitoral que recobre todos os outros, estendendose do esterno e da clavícula ao úmero. Tem a função de levar o braço para dentro. Em condições particulares, por exemplo, quando o tronco está suspenso pelos braços, contribui para levantar o tronco. É o peitoral que se contrai quando um ginasta se levanta “pela força do braço”.
Oculto pelo grande peitoral está o pequeno peitoral que levanta as costelas; é um músculo inspirador como o músculo denteado anterior que se insere, também ele, nas costelas.
Músculos Intrínsecos do Tórax
São os músculos intercostais que ligam uma costela a outra. Vão da margem inferior de uma costela à margem superior da costela subjacente. A sua ação é discutida. Contribuem para fechar a caixa torácica e protegê-la, mas não é claro se intervêm nos movimentos respiratórios.
Temos depois os músculos subcostais, os elevadores das costelas e o transverso do tórax: servem para a respiração.
Diafragma
É um músculo ímpar que se encontra acima da cavidade abdominal e que ele separa da cavidade torácica. É sobre as costelas, as vértebras lombares e o esterno que ele se insere. Dessas regiões os feixes musculares se irradiam para cima e para a parte mediana, confluindo para um centro tendinoso.
Músculo do Dorso. Camada superficial dos músculos do tronco-braço e tronco-cíngulo do membro superior, Vista posterior
Músculos do dorso. Camada profunda dos músculos do tronco-cíngulo do membro superior, após a remoção dos músculos superficiais no lado esquerdo.
Músculos das paredes toráxico e abdominal, camada superficial. Vista anterior
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