quinta-feira, 26 de junho de 2014

HUMANIZAÇAO

.




 Princípios para humanização
O cliente e família são focos principais no planejamento da assistência.
O respeito e a ética nas relações interpessoais são fundamentais na conduta da equipe.
A estrutura física e de equipamentos devem atender as necessidades da clientela e dos trabalhadores de
saúde de forma a promover a segurança e a qualidade do cuidado.
Toda as ações de enfermagem devem ser sustentadas em bases técnica e científica.
O direito a informação deve ser assegurado ao cliente e família.
A gestão dos serviços deve favorecer à participação da equipe, estimulando a co-responsabilização pelo
processo.
Ações propostas para alcançar a humanização são:
Divulgar e tornar acessível o código de ética profissional e dos direitos do paciente
Estimular e participar de iniciativas de humanização do processo assistencial desencadeados ou
coordenados pela Comissão de Humanização do Hospital.
Preparar e orientar o cliente e família antes da realização de procedimentos. Usar linguagem adequada e
simples.                 
Oferecer oportunidade ao cliente e família para expressar suas dúvidas e opiniões minimizando a
ansiedade e os medos.
A HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO/ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E O RESPEITO
AO PACIENTE

Hoje, tem-se abordado abundantemente a humanização da assistência à saúde. Mas
aqui residem múltiplos conceitos: alguns autores entendem a humanização como sendo a
importância da relação intersubjetiva entre profissional e paciente durante a invasão da
tecnologia e massificação dos hospitais; outros estudiosos a entendem como a introdução
de estudos humanísticos, em especial a Psicologia, nos planos de estudos dos cursos
biomédicos; mas o significado mais profundo consiste no reconhecimento da dignidade de
pessoa em todo ser humano, que vai desde o nascer até o morrer (SGRECCIA, 2002).
Se humanizar é prática do ser humano, então o que realizamos é humano, pois visa
o bem-estar da humanidade, tanto individual como coletivamente. Isso é o verdadeiro
sentido de humanizar, que se identifica ou se evidencia principalmente pelo cuidado, que
designa amor, amizade, cura (CORBANI, BRÊTAS e MATHEUS, 2009). Pode-se dizer,
então, que a cura não se dá unicamente pelo viés técnico-curativo, mas principalmente
pelos sentimentos positivos expressos no cuidado. Daí não existiria a possibilidade de
deixar de cuidar, ou vir a tornar-se robô, pois seria ir contra a própria natureza.
Segundo Drane e Pessini (2005), o bom profissional de saúde não é aquele que
somente atende às expectativas sociais, mas, sim, aquele cujo comportamento focaliza as
perdas que a pessoa doente sofre(u), empenhando-se em responder como um ser humano
a outro ser humano. As obrigações humanísticas dos profissionais de saúde perpassam a
competência (adquirir as habilidades necessárias para diagnosticar, tratar e curar), a
compaixão (os pacientes esperam que o profissional sinta e expresse algum sentimento em
relação a eles e seu sofrimento), a informação e a educação do paciente (explicar ao
paciente o que está acontecendo e qual o motivo gerador de tal situação, explicar a
gravidade da doença, as diferentes possibilidades de tratamento etc. Salienta-se que fazer o
trabalho silenciosamente, sem comunicação com o paciente, é ignorá-lo da forma mais vil e
cruel), a proteção da participação do paciente (se a escolha, a iniciativa, a tomada de
decisões e a responsabilidade são ameaçadas pela doença, os profissionais têm o dever de
promover a tomada de decisões e a autodeterminação dos pacientes) e, por fim, a amizade
(contato pessoal que vai além do relacionamento meramente técnico com o paciente).
Há quatro aspectos essenciais para a relação de cuidado humanizado, de acordo
com Corbani, Brêtas e Matheus (2009): reciprocidade, presença, imediatez e
responsabilidade. A reciprocidade é a dupla ação mútua, quando a palavra da invocação
recebe a resposta. Ela vem do e no encontro face a face, a relação é imediata, direta, com a
presença efetiva e não somente com a representação. Daí é só lhe dar forma, descobrir,
conduzir, surgindo então o verdadeiro cuidado humanizado.
À medida que resgata o respeito à vida humana, a humanização é entendida como
valor, abrangendo circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em
todo relacionamento humano. Esse valor é definido em função de seu caráter complementar
aos aspectos técnico-científicos que privilegiam a objetividade, a generalidade, a
causalidade e a especialização do saber (MACIAK, SANDRI e SPIER, 2009).
Cuidar do outro é, antes de tudo, ajudá-lo a cuidar de si, a respeitar sua unicidade,
autonomia e dignidade. O cuidado profissional se apresenta como uma prática complexa
cujas ações rompem as barreiras do mundo público e do privado, das fragmentações do ser
e do contexto em que está inserido. Neste sentido, os valores éticos e políticos, assim como
outros valores sociais e de cidadania concluem para os valores profissionais do cuidado,
tornando-o essencialmente humano (SILVA, 2000).
A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo com
nossos semelhantes. Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o
sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem
humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas.



A humanização é uma necessidade atual, que exige que o profissional (re)pense na
sua ação. Não se está referindo apenas ao cuidado ao adulto, de forma singular, nem a
situações muito complexas, a grandes dilemas que eventualmente possam ocorrer na
realidade do profissional, mas, sim, a todas as situações, principalmente as mais cotidianas,
visto que são as que mais acontecem em termos quantitativos.
As situações em que o profissional percebe que o respeito, o humano, é um conceito
presente na sua própria rotina são aquelas mais simples, como na hora de prestar cuidados
de higiene, de administrar medicações, explicar procedimentos, no simples “bom dia”, dentre
inúmeros outros. Porém, há necessidade de que o profissional reavalie seu cuidado, de
maneira a perceber que os princípios bioéticos devem reger sua prática sempre, de forma a
auxiliar no respeito ao paciente e no cuidado humanizado, fazendo com que o cuidado não
se torne apenas a aplicação de técnicas rotineiras e mecanicistas, mas sim, uma prática
complexa que considera que aquele a quem se presta o cuidado é um ser digno, com
necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais.
Como referem Corbani, Brêtas e Matheus (2009), acredita-se no ser humano como
profissional da saúde, ou vice-versa, resgatado totalmente em sua humanidade. Se não é
assim hoje, crê-se que ainda será amanhã. Para isso temos de voltar à nossa humanidade e
à do outro, de modo que ambas se expressem espontânea e mutuamente. Na troca. No
olhar. No ouvir. Essa é a verdadeira humanização da assistência em saúde. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário