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Princípios para humanização
✔ O cliente e família são focos principais no planejamento
da assistência.
✔ O respeito e a ética nas relações interpessoais são
fundamentais na conduta da equipe.
✔ A estrutura física e de equipamentos devem atender as
necessidades da clientela e dos trabalhadores de
saúde de forma a promover a segurança e a qualidade do
cuidado.
✔ Toda as ações de enfermagem devem ser sustentadas em
bases técnica e científica.
✔ O direito a informação deve ser assegurado ao cliente e
família.
✔ A gestão dos serviços deve favorecer à participação da
equipe, estimulando a co-responsabilização pelo
processo.
Ações propostas para alcançar a humanização são:
✔ Divulgar e tornar acessível o código de ética
profissional e dos direitos do paciente
✔ Estimular e participar de iniciativas de humanização do
processo assistencial desencadeados ou
coordenados pela Comissão de Humanização do Hospital.
✔ Preparar e orientar o cliente e família antes da
realização de procedimentos. Usar linguagem adequada e
simples.
✔ Oferecer oportunidade ao cliente e família para expressar
suas dúvidas e opiniões minimizando a
ansiedade e os medos.
A HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO/ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E O
RESPEITO
AO PACIENTE
Hoje, tem-se abordado abundantemente a humanização da
assistência à saúde. Mas
aqui residem múltiplos conceitos: alguns autores entendem a
humanização como sendo a
importância da relação intersubjetiva entre profissional e
paciente durante a invasão da
tecnologia e massificação dos hospitais; outros estudiosos a
entendem como a introdução
de estudos humanísticos, em especial a Psicologia, nos
planos de estudos dos cursos
biomédicos; mas o significado mais profundo consiste no
reconhecimento da dignidade de
pessoa em todo ser humano, que vai desde o nascer até o
morrer (SGRECCIA, 2002).
Se humanizar é prática do ser humano, então o que realizamos
é humano, pois visa
o bem-estar da humanidade, tanto individual como
coletivamente. Isso é o verdadeiro
sentido de humanizar, que se identifica ou se evidencia
principalmente pelo cuidado, que
designa amor, amizade, cura (CORBANI, BRÊTAS e MATHEUS,
2009). Pode-se dizer,
então, que a cura não se dá unicamente pelo viés
técnico-curativo, mas principalmente
pelos sentimentos positivos expressos no cuidado. Daí não
existiria a possibilidade de
deixar de cuidar, ou vir a tornar-se robô, pois seria ir
contra a própria natureza.
Segundo Drane e Pessini (2005), o bom profissional de saúde
não é aquele que
somente atende às expectativas sociais, mas, sim, aquele
cujo comportamento focaliza as
perdas que a pessoa doente sofre(u), empenhando-se em
responder como um ser humano
a outro ser humano. As obrigações humanísticas dos
profissionais de saúde perpassam a
competência (adquirir as habilidades necessárias para
diagnosticar, tratar e curar), a
compaixão (os pacientes esperam que o profissional sinta e
expresse algum sentimento em
relação a eles e seu sofrimento), a informação e a educação
do paciente (explicar ao
paciente o que está acontecendo e qual o motivo gerador de
tal situação, explicar a
gravidade da doença, as diferentes possibilidades de
tratamento etc. Salienta-se que fazer o
trabalho silenciosamente, sem comunicação com o paciente, é
ignorá-lo da forma mais vil e
cruel), a proteção da participação do paciente (se a
escolha, a iniciativa, a tomada de
decisões e a responsabilidade são ameaçadas pela doença, os
profissionais têm o dever de
promover a tomada de decisões e a autodeterminação dos
pacientes) e, por fim, a amizade
(contato pessoal que vai além do relacionamento meramente
técnico com o paciente).
Há quatro aspectos essenciais para a relação de cuidado humanizado,
de acordo
com Corbani, Brêtas e Matheus (2009): reciprocidade,
presença, imediatez e
responsabilidade. A reciprocidade é a dupla ação mútua,
quando a palavra da invocação
recebe a resposta. Ela vem do e no encontro face a face, a
relação é imediata, direta, com a
presença efetiva e não somente com a representação. Daí é só
lhe dar forma, descobrir,
conduzir, surgindo então o verdadeiro cuidado humanizado.
À medida que resgata o respeito à vida humana, a humanização
é entendida como
valor, abrangendo circunstâncias sociais, éticas,
educacionais e psíquicas presentes em
todo relacionamento humano. Esse valor é definido em função
de seu caráter complementar
aos aspectos técnico-científicos que privilegiam a
objetividade, a generalidade, a
causalidade e a especialização do saber (MACIAK, SANDRI e
SPIER, 2009).
Cuidar do outro é, antes de tudo, ajudá-lo a cuidar de si, a
respeitar sua unicidade,
autonomia e dignidade. O cuidado profissional se apresenta
como uma prática complexa
cujas ações rompem as barreiras do mundo público e do
privado, das fragmentações do ser
e do contexto em que está inserido. Neste sentido, os
valores éticos e políticos, assim como
outros valores sociais e de cidadania concluem para os
valores profissionais do cuidado,
tornando-o essencialmente humano (SILVA, 2000).
A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir,
do diálogo com
nossos semelhantes. Humanizar é garantir à palavra a sua
dignidade ética. Ou seja, o
sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no
corpo, para serem
humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito
expressa sejam reconhecidas.
A humanização é uma necessidade atual, que exige que o
profissional (re)pense na
sua ação. Não se está referindo apenas ao cuidado ao adulto,
de forma singular, nem a
situações muito complexas, a grandes dilemas que
eventualmente possam ocorrer na
realidade do profissional, mas, sim, a todas as situações,
principalmente as mais cotidianas,
visto que são as que mais acontecem em termos quantitativos.
As situações em que o profissional percebe que o respeito, o
humano, é um conceito
presente na sua própria rotina são aquelas mais simples,
como na hora de prestar cuidados
de higiene, de administrar medicações, explicar
procedimentos, no simples “bom dia”, dentre
inúmeros outros. Porém, há necessidade de que o profissional
reavalie seu cuidado, de
maneira a perceber que os princípios bioéticos devem reger
sua prática sempre, de forma a
auxiliar no respeito ao paciente e no cuidado humanizado,
fazendo com que o cuidado não
se torne apenas a aplicação de técnicas rotineiras e
mecanicistas, mas sim, uma prática
complexa que considera que aquele a quem se presta o cuidado
é um ser digno, com
necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas,
sociais e espirituais.
Como referem Corbani, Brêtas e Matheus (2009), acredita-se
no ser humano como
profissional da saúde, ou vice-versa, resgatado totalmente em
sua humanidade. Se não é
assim hoje, crê-se que ainda será amanhã. Para isso temos de
voltar à nossa humanidade e
à do outro, de modo que ambas se expressem espontânea e
mutuamente. Na troca. No
olhar. No ouvir. Essa é a verdadeira humanização da assistência
em saúde.
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