segunda-feira, 28 de julho de 2014

MEDICINA NATURAL


segunda-feira, 23 de Junho de 2014

Remédios naturais para o sangramento da gengiva ou dentes soltos

Remédios naturais para o sangramento da gengiva ou dentes soltos

Sangramento da gengiva e dentes soltos são duas das doenças bucais mais comuns. Ainda que sua origem possa ser diversa, o certo é que a maioria das vezes aparecem por má higienização, que, por sua vez, provoca o surgimento de doenças como a gengivite. Portanto, a continuação te apresentamos alguns remédios naturais para sangramento da gengiva ou dentes soltos.
Evidentemente, estas recomendações ou remédios são úteis em casos leves. Caso contrário, se seu problema é sério deve visitar um dentista,desta maneira asseguramos receber uma atenção especializada e resolver da melhor maneira possível nossa doença.

Água morna com sal

Um grande remédio natural para sangramento da gengiva é enxaguar a boca com água morna e sal. Como bem sabemos, as soluções salinas tem efeitos antissépticos, além disso, neste caso ajudam a uma melhor circulação do sangue das gengivas, fazendo com que estas não inflamem e sangrem. Basta enxaguar nossa boca duas vezes por dia misturando água com uma pitada de sal.

Água e peróxido

Outro remédio natural para sangramento da gengiva, que também serve para os dentes soltos, é preparar uma solução de água com algum tipo de peróxido. Neste caso se pode misturar água e peróxido de hidrogênio para enxaguar nossa boca durante 30 segundos. É muito importante não engolir a solução, já que pode ser perigoso para a nossa saúde. O melhor é enxaguar três vezes por semana.

Massagear e escovar as gengivas

Um remédio muito simples e efetivo, que curiosamente muitas pessoas se esquecem de fazer, é escovar e massagear nossas gengivas. Desta maneira, evitaremos que se inflamem e que, em alguns casos, nossos dentes se soltem e assim serão mais resistem. De fato, atualmente existem no mercado escovas de dente que tem massageadores de gengivas integrados, sendo assim muito mais simples cuidá-las. Isso se deve fazer todos os dias, cada vez que lavamos os dentes.
cleaner

Bicarbonato de sódio

O bicarbonato de sódio é outro remédio natural muito efetivo para que nossas gengivas não sangrem e não se inflamem. Para isso basta misturar um pouco de bicarbonato de sódio com água e aplicar com o dedo ao longo da gengiva. Posteriormente escovar seus dentes como o faz normalmente e enxaguar a sua boca.

Tomilho

O tomilho é um remédio natural muito famoso para evitar os dentes soltos. Há muito tempo que o tomilho mostrou fortalecer e cuidar dos dentes, sendo assim, seu uso para o caso de dentes soltos é muito recomendável. Para isso se pode fazer enxagues misturando água e a raiz do tomilho.
Tomillo

Abacate

Para os dentes soltos outra recomendação ou remédio natural é esfregar as folhas deste fruto por toda a gengiva. Também é possível mastigar para obter melhores resultados. O abacate ajuda a gengiva ser mais forte, fortalecendo os dentes. Além disso, combate as cáries, e outro tipo de doença do dente como a piorreia.
fonte:http://melhorcomsaude.com/remedios-naturais-sangramento-gengiva-dentes-soltos/

sexta-feira, 2 de Maio de 2014

Jindungo ou gindungo

JINDUNGO 


Quem coloca o gindungo no dia-a-dia está levando, além de tempero, uma série de medicamentos naturais: analgésico, anti-inflamatório, xarope, vitaminas, benefícios que os povos primitivos descobriram há milhares de anos que agora estão sendo comprovados pela ciência. O gindungo faz bem à saúde e seu consumo é essencial para quem temenxaqueca. Essa afirmação pode cair como uma surpresa para muitas pessoas que, até hoje, acham que o condimento ardido deve ser evitado.
O gindungo traz consigo alguns mitos, como por exemplo o de que provoca gastrite, úlcera, pressão alta e até hemorróidas..
Nada disso é verdade. Por incrível que pareça, as pesquisas científicas mostram justamente o oposto!
A substância química que dá ao gindungo o seu caráter ardido é exatamente aquela que possui as propriedades benéficas à saúde.
No caso da pimenta-do-reino, o nome da substância é piperina.
No jindungo, é a capsaicina.
Surpresa! Elas provocam a liberação de endorfinas ? verdadeiras morfinas internas, analgésicos naturais extremamente potentes que o nosso cérebro fabrica!
O mecanismo é simples: Assim que você ingere um alimento apimentado, a capsaicina ou a piperina ativam receptores sensíveis na língua e na boca. Esses receptores transmitem ao cérebro uma mensagem primitiva e genérica, de que a sua boca estaria pegando fogo. Tal informação, gera, imediatamente, uma resposta do cérebro no sentido de salvá-lo desse fogo: você começa a salivar, sua face transpira e seu nariz fica úmido, tudo isso no intuito de refrescá-lo.

Além disso, embora a pimenta não tenha provocado nenhum dano físico real, seu cérebro, enganado pela informação que sua boca estava pegando fogo, inicia, de pronto, a fabricação de endorfinas, que permanecem um bom tempo no seu organismo, provocando uma sensação de bem-estar, uma euforia, um tipo de barato, um estado alterado de consciência muito agradável, causado pelo verdadeiro banho de morfina interna do cérebro. E tudo isso sem nenhuma gota de álcool! Quanto mais arder o jindungo, mais endorfina é produzida! E quanto mais endorfina, menos dor e menos enxaqueca.
E tem mais: as substâncias picantes do jindungo (capsaicina e piperina) melhoram a digestão, estimulando as secreções do estômago.
Possuem efeito carminativo (antiflatulência).
Estimulam a circulação no estômago, favorecendo a cicatrização de feridas (úlceras), desde que, é claro, outras medidas alimentares e de estilo de vida sejam aplicadas conjuntamente.
Existem cada vez mais estudos demonstrando a potente ação antioxidante (antienvelhecimento) da capsaicina e piperina.

Pesquisadores do mundo todo não param de descobrir que o jindungo, tanto do gênero piper (pimenta-do-reino) como do capsicum (jindungo), tem qualidades farmacológicas importantes. Além dos princípios ativos capsaicina e piperina, o condimento é muito rico em vitaminas A, E e C, ácido fólico, zinco e potássio. Tem, por isso, fortes propriedades antioxidantes e protetores do DNA celular.
Também contém bioflavonóides, pigmentos vegetais que previnem o câncer. Graças a essas vantagens, a planta já está classificada como alimento funcional, o que significa que, além de seus nutrientes, possui componentes que promovem e preservam a saúde.
Hoje ela é usada como matéria-prima para vários remédios que aliviam dores musculares e reumatismo, desordens gastrintestinais e na prevenção de arteriosclerose.
Apesar disso, muitas pessoas ainda têm receio de consumi-la, pois acreditam que possa causar mais mal do que bem.
Se você é uma delas, saiba que diversos estudos recentes têm revelado que o jindungo não é um veneno nem mesmo para quem tem hemorróidas, gastrite ou hipertensão.

DOENÇAS QUE O JINDUNGO CURA E PREVINE
Baixa imunidade ? O jindungo tem sido aplicada em diversas partes do mundo no combate à SIDA (aids) com resultados promissores.
Câncer ? Pesquisas nos Estados Unidos apontam a capacidade da capsaicina de inibir o crescimento de células de tumor maligno na próstata, sem causar toxicidade. Outro grupo de cientistas tratou seres humanos portadores de tumores pancreáticos malignos com doses desse mesmo princípio ativo. Depois de algum tempo constataram que houve redução de 50% dos tumores, sem afetação das células pancreáticas saudáveis ou efeitos colaterais. Já em Taiwan os médicos observaram a morte de células cancerosas do esôfago.
Depressão ? A ingestão da iguaria aumenta a liberação de noradrenalina e adrenalina, responsáveis pelo nosso estado de alerta, que está associado tb à melhora do ânimo em pessoas deprimidas.

Enxaqueca ? Provoca a liberação de endorfinas, analgésicos naturais potentes, que atenuam a dor.
Esquistossomose ? A cubebina, extraída de um tipo de pimenta asiática, foi usada em uma substância semi-sintética por cientistas da Universidade de Franca e da Universidade de São Paulo. Depois do tratamento (que tem baixa toxicidade e, por isso, é mais seguro), a doença em cobaias foi eliminada.
Feridas abertas ? É anti-séptica, analgésica, cicatrizante e anti-hemorrágica quando o seu pó é colocado diretamente sobre a pele machucada.
Gripes e resfriados ? Tanto para o tratamento quanto para a prevenção dessas doenças, é comum recomendar a ingestão de um pequeno jindungo por dia, como se fosse uma pílula.
Hemorróidas ? A capsaicina tem poder cicatrizante e já existem remédios com jindungo para uso tópico.
Infecções ? O alimento combate as bactérias, já que tem poder bacteriostático e bactericida, e não prejudica o sistema de defesa. Pelo contrário, até estimula a recuperação imunológica.
Males do coração ? O jindungo caiena tem sido apontada como capaz de interromper um ataque cardíaco em 30 segundos.. Ela contém componentes anticoagulantes que ajudam na desobstrução dos vasos sanguíneos e ativam a circulação arterial.
Obesidade ? Consumida nas refeições, ela estimula o organismo a diminuir o apetite nas seguintes. Um estudo revelou que o jindungo derrete os estoques de energia acumulados em forma de gordura corporal. Além disso, aumenta a temperatura (termogênese) e, para dissipá-la, o organismo gasta mais calorias. As pesquisas indicam que cada grama queima 45 calorias.
Pressão alta ? Como tem propriedades vasodilatadoras, ajuda a regularizar a pressão arterial.

quinta-feira, 1 de Maio de 2014

CÚRCUMA + AZEITE + PIMENTA DO REINO: A saúde no seu prato..


A cúrcuma (Curcuma longa) ou açafrão-da-índia é uma planta da família do gengibre, sendo a raiz a parte mais utilizada na culinária e na medicina. No Brasil, principalmente em Minas Gerais e Goiás, é conhecida como açafrão-da-terra, açafroa ou gengibre amarelo. É no rizoma da cúrcuma longa que está o componente mais ativo da planta, a curcumina, presente em 2% a 5% deste delicioso tempero.
 
A curcumina comercial, encontrada nos mercados a preços bem acessíveis, contém três cucurminoides que lhe confere a cor amarelo-alaranjada: curcumina (77%), demetoxicurcumina (17%) e bisdemetoxicurcumina (3%).
 
Ela é muito consumida na Índia, em média 1,5 g a 2 g por dia de cúrcuma, como tempero. É o principal condimento do curry/caril, ao qual ele dá a cor alaranjada. Estudos recentes mostram que podemos ingerir até 8 gramas ao dia sem efeitos colaterais, entretanto a biodisponibilidade celular da curcumina é muito baixa, devido à rápida glucoronidação hepática e intestinal. A adição de pimenta-do-reino aumenta em 2000% a biodisponibilidade do princípio activo

Foram encontradas 1.492 referências no Medline sobre a atividade biológica da curcumina. Recentemente a literatura médica mostrou que a cúrcuma possui os seguintes efeitos:
1. Evita o câncer.
2. Aumenta o efeito da quimioterapia nas situações de resistência a múltiplas drogas.
3. É antiaterosclerótico.
4. É anti-inflamatório.
5. Reduz o colesterol.
6. Diminui a oxidação da LDL.
7. Inibe a agregação das plaquetas.
8. Diminui o tamanho da trombose no infarto do miocárdio.
9. Age contra a diabetes do tipo II – é hipoglicemiante, diminui os níveis de hemoglobina glicosilada e diminui a microalbuminúria.
10. Evita/trata a esclerose múltipla: diminui as crises de exacerbação.
11. Retarda o processo degenerativo do Alzheimer.
12. Corrige alguns defeitos da fibrose cística.
13. Evita/ajuda em doenças inflamatórias dos olhos: uveíte anterior crônica, pseudotumor orbital idiopático.
14. Diminui as dores na artrite reumatoide.
15. Age nas doenças de pele: psoríase e dermatites.
16. Tem efeito na esclerodermia.
17. Estimula a regeneração muscular.
18. Melhora a regeneração das feridas.
19. Cicatriza escaras.
20. Protege o fígado e os rins de lesões tóxicas.
21. Aumenta a secreção biliar.
22. Diminui a formação de cálculo biliar.
23. Tem efeito nas doenças inflamatórias de intestino.
24. Protege contra a formação de catarata.
25. Protege o pulmão da fibrose.
26. Inibe a replicação do HIV.
27. Inibe a reprodução das leishmanias.
 
Efeitos da curcumina no cancer

A curcumina possui uma série de efeitos na prevenção e no tratamento do câncer. É o fitoquímico que inibe o maior número de vias de sinalização, transdução e transcrição que conhecemos e por esse motivo possui potente efeito no câncer como antiproliferativo, apoptótico, antiangiogênico e antimetastático.

Também é um potente agente anti-inflamatório (a inflamação está implicada na carcinogênese).

A cúrcuma é mencionada nos tratados médicos da Ìndia, da China, do Tibete e do Oriente Médio há mais de 2 mil anos.
 
Atualmente, em idade idêntica aos ocidentais, os indianos têm oito vezes menos cânceres de pulmão que os ocidentais, nove vezes menos câncer de cólon, cinco vezes menos câncer de mama e dez vezes menos câncer de rim. E isso apesar de uma exposição a múltiplos cancerígenos presentes no meio ambiente, numa escala pior que o Ocidente.

O Dr. David Servan-Schereiber (autor do livro Anticâncer), quando pesquisava seu próprio câncer, ficou perplexo ao descobrir que mesmo tumores cerebrais tão agressivos como o temível glioblastoma multiforme, se mostrava mais sensível à quimioterapia quando se prescrevia em paralelo o consumo da cúrcuma.

Em Taiwan, os pesquisadores que tentaram tratar tumores com cúrcuma em cápsulas perceberam que era extremamente mal absorvido pelo organismo, pois a cúrcuma não passa a barreira intestinal. O ideal é sempre ser utilizado misturado à pimenta (piper nigra).

 
Dica de utilização

Misturar um saquinho comercial de açafrão com meio saquinho de pimenta-do-reino e dissolver em azeite de oliva até formar uma pasta. Utilizar em saladas, sopas, temperos, feijão, arroz, etc.

Link sobre o assunto: Curcumina e câncer: antiproliferativo, antiapoptótico, antiangiogênico e antimetastático.

quarta-feira, 30 de Abril de 2014

Café pode trazer benefícios à saúde feminina

Estudos desmistificam efeitos negativos do café e concluem que até pode ajudar em alguns problemas de saúde que atingem as mulheres.

O Programa Café & Saúde lançou novas informações acerca do impacto do café na saúde das mulheres.
Alguns mitos foram desvendados e a pesquisa concluiu que a segunda bebida mais consumida do mundo até consegue trazer alguns benefícios à saúde da mulher.
AVC, infertilidade, enxaquecas e osteoporose são alguns dos problemas apontados que o café pode prevenir ou suavizar.
AVC
Segundo o grupo de mamografia do Instituto Karolinska, as mulheres que bebem uma ou duas chávenas de café por dia têm um menor risco de sofrer um AVC.
De acordo com o neurologista, Professor Rodrigo Cunha, “o café tem efeito antioxidante, diminui a acumulação de gorduras saturadas e reduz a resistência à insulina, propriedades que podem minimizar o risco de AVC. “
Em Portugal:
O número de mortes devido a Acidentes Vasculares Cerebrais é de duas mortes por hora.
25.000 doentes por ano e 50% dos doentes que sofreram um AVC ficam incapacitados ou com limitações em exercer certas ações diárias.
Enxaquecas
A dor de cabeça crónica é um problema que afeta 15% da população portuguesa.
Segundo o Journal of Headache and Pain, que menciona um estudo norueguês, beber quatro chávenas de café por dia conduz a um alívio das enxaquecas.
“Em algumas situações, é a paragem abrupta na ingestão regular de cafeína que pode resultar em dores de cabeça, em indivíduos mais sensíveis. Tal deve-se aos efeitos agudos do café num corpo que já está habituado a este consumo. Para evitar estes efeitos, o ideal é manter um consumo regular de cafeína”, refere o neurologista português
Infertilidade
O estudo 'Fertility & Sterility 2012' chegou à conclusão que as taxas de gravidez são maiores nas mulheres que consomem café do que as que não consomem.
A infertilidade é um dos grandes problemas no nosso país, onde a taxa de infertilidade está situada entre os 9 e os 10%.
"Estes dados vêm, de alguma forma, dar novas luzes relativamente à influência que a cafeína pode ter na fertilidade. As conclusões indicam, claramente, que as mulheres que consumiam café antes de tentar engravidar, tiveram mais sucesso com o tratamento de inseminação artificial, ou seja, de alguma, forma a cafeína teve um efeito positivo”, diz Teresa Ruivo, gestora do Projeto Café & Saúde.
Osteoporose
Um mito já há muito presente, é o facto de que o café pode aumentar o risco de osteoporose. Dado que esta doença afeta muito mais as mulheres do que os homens, poderemos dizer que se traduz numa situação bastante preocupante; principalmente para aquelas pessoas que bebem café.
Mas um estudo feito por fisiatras turcos, concluiu que o café nada tem a ver com a falta de resistência dos ossos.
“Ao contrário do que tem vindo a ser difundido, os estudos indicam não existir qualquer relação entre a cafeína e um maior risco ou propensão para desenvolver osteoporose. Tal está relacionado com o facto da cafeína não interferir com a absorção de cálcio, que é controlado por uma série de hormonas e pela vitamina D“, confirma Carlos Martins, médico de família.
Outros estudos foram também feitos em relação aos efeitos do café na gravidez, durante a menstruação ou na menopausa.

 

Hospitais também precisam ser sustentáveis

Edificados em nome da saúde, hospitais também podem ameaçá-la. Quando o atendimento aos pacientes é feito ao custo de impactos sociais, ambientais e econômicos, transformam essas instituições dedicadas ao bem-estar das pessoas em agentes poluidores, criando condições que favorecem a propagação de doenças e aumentando os custos da saúde.
Consumidores de toneladas de insumos, equipamentos, acessórios, medicamentos e embalagens, hospitais geram impactos proporcionais. De uma forma ou de outra, tudo isso acaba virando lixo. São papéis, plásticos, metais, vidros e resíduos diversos, cujo descarte e processamento podem resultar em subprodutos que contaminam o solo e a água. Não custa lembrar que a água potável que tomamos costuma trazer resíduos de quimioterápicos, anti-inflamatórios e outras drogas – seja pelo descarte inadequado desses produtos ou no processo natural de eliminação pelo organismo.
Parte do lixo gerado pelos hospitais tem tratamento especial devido às suas características químicas e/ou infectantes. Mas mesmo esse processo não é feito a custo zero para o meio ambiente. As tecnologias de desinfecção ou incineração também resultam em resíduos sólidos, líquidos e gasosos. O lixo orgânico, por sua vez, irá se decompor em aterros, produzindo gás metano, 20 vezes mais poluidor que o gás carbônico (CO2). “Aqui no Brasil, um grande hospital gera, por ano, em média, um volume de lixo capaz de encher sete estádios de futebol como o do Morumbi”, compara o Dr. Marcos Tucherman, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Einstein.
“Além disso, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, hospitais demandam altas doses de recursos cada vez mais escassos, como água e energia”, completa ele. De acordo com estudo publicado no site da Organização Mundial da Saúde (OMS), as instituições de saúde do Brasil respondem pelo consumo de 10,6% do total da energia comercial do país.

Desafios complexos

Todos esses são efeitos colaterais perigosos de uma medicina desafiada pelo contexto das mudanças climáticas, da exploração predatória dos recursos naturais e do envelhecimento da população, cada vez mais vulnerável às doenças crônicas e neoplasias agravadas pelos desequilíbrios ambientais, como aumento da poluição e exposição a água e alimentos contaminados. “Nossa função é a manutenção da saúde. Não podemos ter práticas contrárias a isso”, afirma o Dr. Luiz Vicente Rizzo, diretor de Pesquisa do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein. “Instituições de saúde não podem mais se preocupar apenas em curar. Elas precisam levar em conta os impactos de suas práticas sobre o meio ambiente e as comunidades do entorno”, reforça o Dr. Eduardo Zlotnik, chairman do Comitê de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Einstein.
Internacionalmente, governos e organizações não-governamentais já estão mobilizados para mensurar e minimizar impactos. O sistema público de saúde inglês, por exemplo, tem como meta reduzir em 80% suas emissões até 2050, tendo os números de 2007 como referência. Nos Estados Unidos, onde há 20 anos se alastra uma “onda verde” no campo da medicina, é forte a atuação de entidades com a Health Care Without Harm (Saúde Sem Dano) e a Practice GreenHealth (Prática da Saúde Verde). Também nesse país, são notáveis as ações de associações hospitalares como a Kaiser Permanente. Congregando dezenas de instituições com poder de compra bilionário, essa associação vem imprimindo importantes mudanças em toda a cadeia de suprimentos hospitalares, exigindo produtos e equipamentos mais sustentáveis e vetando matérias-primas consideradas nocivas à saúde e à natureza.
 

Iniciativas no Brasil

Cientes de que a prática médica acontece numa rede de causa e efeito, hospitais de primeira linha no Brasil também vêm inovando para se transformar em instituições sustentáveis, ou seja, serem capazes de conciliar o cuidado e a segurança dos seus pacientes com a preservação da natureza e o desenvolvimento das comunidades. "Afinal, o conceito de sustentabilidade hospitalar está ancorado em três dimensões indissociáveis e interdependentes: econômica, ambiental e social", ressalta o Dr. Zlotnik.
O que está em foco, de acordo com o Dr. Tucherman, são os três grandes desafios dos sistemas de saúde neste século XXI. O primeiro diz respeito aos gases de efeito estufa e seus reflexos no clima, gerando secas, catástrofes, afetando a produção de alimentos e favorecendo doenças e endemias. Quem vai acolher essas pessoas são as instituições de saúde. O segundo é o envelhecimento da população, que também vai demandar esses serviços em função das doenças crônicas e cânceres, que aumentam com a combinação da idade e fatores adversos, tais como produtos químicos e alimentos contaminados. E, finalmente, há o impacto das escolhas pessoais: sem educação e conscientização das pessoas sobre práticas saudáveis (alimentação, atividades físicas, não fumar, etc.), as doenças aumentam. Somadas essas condições de um lado e, de outro, o déficit de leitos hospitalares e os progressivos aumentos dos custos da saúde em razão das novas drogas e tecnologias configura-se um ciclo extremamente perverso.
Por tudo isso, fazer diferente não é mais uma opção. É uma exigência. E hospitais de primeira linha, o Einstein entre eles, têm dado passos decisivos nessa direção, adotando a sustentabilidade como diretriz estratégica, presente nas suas operações diárias, em programas educativos, em processos mais inteligentes e eficientes. O Einstein é pioneiro entre as instituições de saúde no Brasil a aderir ao GHG (Greenhouse Gas) Protocol, protocolo internacional de gestão das emissões de gases de efeito estufa. Trata-se de um sistema que envolve a medição das emissões, visando monitorá-las, adotando-se ações para reduzi-las ou compensá-las. “Em vez de compensar plantando árvores ou comprando créditos de carbono, optamos por investir em eficiência, que traz resultados mais frutíferos. Eficiência permite minimizar os impactos ambientais e sociais e, ao mesmo tempo, otimizar recursos para aplicá-los naquilo que mais importa: a prestação de serviços de saúde”, afirma o Dr. Tucherman.

Conheça as ações de sustentabilidade do Einstein

Novos caminhos

Exemplo de ação com esse perfil é o investimento em um projeto de gerenciamento e tratamento dos resíduos que a instituição gera. Em São Paulo, a Prefeitura é a responsável pela gestão dos resíduos hospitalares infectantes, submetidos a tratamento térmico e dispostos, depois, em aterros comuns. O Einstein, porém, investiu na aquisição de duas autoclaves para o tratamento dos seus resíduos contaminantes. Todo o volume sairá da instituição como resíduo comum. Para os resíduos orgânicos, comprou dois equipamentos de desidratação, que os transforma em composto orgânico, seguindo para compostagem e transformando-se em adubo.
Outra iniciativa importante do Einstein foi a instalação de 50 m² de placas de aquecimento solar, com redução de 35% no consumo de gás natural para aquecimento de água na unidade situada na região da Vila Mariana. Além disso, foi concluída, em fevereiro de 2011, a instalação da subestação de 34,5 KV no bloco A1 do complexo do bairro do Morumbi. Ela recebe energia elétrica direto da subestação de Traição, da Eletropaulo, e cobre toda a demanda da Unidade Morumbi. Essa iniciativa proporcionou uma oferta de energia elétrica mais estável para o hospital, com redução expressiva no consumo de óleo diesel para gerar energia elétrica em situações de emergência. Com isso, a emissão de carbono no hospital caiu substancialmente. Houve melhoria também para a comunidade do entorno que, além da menor geração de CO², foi beneficiada com o desligamento do Einstein do sistema de distribuição de energia elétrica local, antes compartilhado.
Outra frente de sustentabilidade vem sendo explorada pelo Einstein e outras instituições em seus planos de expansão, com a descentralização de suas unidades, para estar mais perto dos pacientes. Além da comodidade que isso significa para eles, seus familiares e acompanhantes, a iniciativa contribui para minimizar deslocamentos e, portanto, as emissões de gases relacionadas com o uso de transportes. Os programas de desospitalização, com assistência domiciliar, também contam pontos positivos.
Despontam ainda as edificações hospitalares que seguem os padrões dos chamados “prédios verdes”, com soluções ecoeficientes, como reutilização da água de chuva para lavagem das instalações ou irrigação dos jardins, cobertura vegetal no telhado que ajuda a minimizar o aquecimento dos ambientes, painéis fotovoltaicos para aquecimento de água por energia solar e intensivo aproveitamento da iluminação natural, entre outros itens. Os projetos de expansão mais recentes do Einstein já vêm contemplando esses requisitos sustentáveis, atestados inclusive por certificação internacional específica – a LEED (Leadership in Energy and Envorinmental Design).

Educação, pesquisa e inovação

Igualmente essencial no âmbito da sustentabilidade são as ações com foco em educação e conscientização. O Dr. Zlotnik ressalta que hospitais, médicos e profissionais da saúde são agentes fundamentais para a propagação de valores e práticas sustentáveis em relação à saúde – desde o descarte correto de medicamentos e outros produtos até a conscientização sobre hábitos que favorecem a qualidade de vida.
Vida saudável, vale lembrar, significa menos doenças e, portanto, menos demanda por serviços médico-hospitalares que impactam os custos de saúde. Programas públicos como a Estratégia de Saúde da Família, do qual o Einstein participa, são frentes valiosas para promover mudanças nas práticas das comunidades, orientando sobre separação e descarte correto do lixo, hábitos de higiene, alimentação e atividade física, entre outros.
Hospitais sustentáveis também implantam programas internos visando à redução do consumo de insumos e materiais, como papel, por meio de ações de conscientização das suas equipes e do investimento em recursos digitais. Além disso, incorporam procedimentos e tecnologias mais sustentáveis e materiais mais ambientalmente amigáveis. "Nesse âmbito, o desenvolvimento de pesquisas médicas é fundamental para acelerarmos a caminhada em direção à sustentabilidade", defende o Dr. Rizzo, citando, por exemplo, a importância de estudos sobre envelhecimento e degradação ambiental ou sobre o desenvolvimento e incorporação segura de novos materiais em substituição a plásticos, radioisótopos e inúmeros outros itens.
O rejuvenescimento de normas legais também poderá ajudar a insuflar os ventos sustentáveis. Países como os Estados Unidos vendem medicamentos em unidades (evitando desperdício de dinheiro e o descarte inadequado das sobras que o paciente não precisará consumir) e reaproveitam (sob rígidos critérios de processamento e fiscalização para garantir a segurança do paciente) partes de itens como endoscópios, cateteres, pinças cirúrgicas e outros que aqui no Brasil são de uso único. Isso para não falar do volume de papel gasto nos hospitais brasileiros para atender à legislação que obriga a guardar por cinco anos o impresso do prontuário de cada paciente. Prontuários eletrônicos já são adotados por um grande número de instituições. São mais seguros, mais eficientes, mais fáceis de arquivar e acessar. Por que imprimi-los?
Até recentemente, entendia-se que, em nome da saúde, vigorava uma espécie de vale-tudo. É um conceito doente, que tem de ser revisto sob as lentes da sustentabilidade. Esta, sim, leva a caminhos verdadeiramente saudáveis. O fato é que se o mundo de hoje traz novos desafios, também oferece soluções que ajudam a superá-los. É preciso, porém, saber e querer usá-las, ter disposição para mudar e renovar as práticas.
Publicado em 29/03/2012

terça-feira, 29 de Abril de 2014

Saber comer é pura informação

Alimentos que nos chegam ao prato não foram feitos para comer, diz a médica Cristina Sales.

E se o seu organismo não reconhecer aquilo que você come como um alimento?
Defende-se, inflama-se, fica doente. É o que fazem muitos dos produtos que levamos à boca. Cristina Sales, médica e especialista em alimentação, garante que na origem da maioria das doenças que afetam o homem do século xxi está o que comemos e o modo como o fazemos. É que os alimentos são veículos de comunicação: dizem às células como devem comportar-se.
Precisamos de mudar a forma como nos alimentamos?
É obrigatório que o façamos porque a alimentação que a população dos países ocidentais, incluindo Portugal, passou a fazer nos últimos cinquenta anos é o que está na origem da maior parte das doenças endócrinas, metabólicas, autoimunes, degenerativas e alérgicas. As novas epidemias devem-se sobretudo aos estilos de vida e à alimentação que fazemos desde o pós-guerra.
A alimentação é decisiva para a saúde e o bem-estar mas está a provocar doenças e a aumentar a mortalidade precoce?
A geração dos nossos filhos terá uma esperança de vida mais reduzida do que a nossa por causa dos estilos de vida e da alimentação. Primeiro, os produtos altamente processados pela indústria alimentar conduzem a uma desnutrição em nutrientes fundamentais e ingerimos uma grande quantidade de calorias vazias. Segundo, são muito diferentes dos alimentos originais e o organismo não sabe lidar com eles, não os reconhece como alimentos. Depois, há uma sobrecarga tóxica inerente à alimentação que provém dos agroquímicos (da produção), dos conservantes, corantes e adoçantes que são adicionados para preservar os produtos durante mais tempo e para os manter bonitinhos.
São alimentos para ver…
Os produtos que nos chegam ao prato foram feitos para vender e não para comer. Não têm nada que ver com os alimentos que ingerimos e que nos fizeram viver e sobreviver ao longo de milhões de anos. Esta mudança ocorreu tão depressa que o organismo não está adaptado para gerir, digerir e assimilar estes produtos, pelo contrário, vê-os como substâncias estranhas e reage, inflamando-se.
Como é que podemos livrar-nos dessa teia?
As escolhas alimentares são condicionadas pela publicidade, as pessoas não são ensinadas a escolher. Quem é que é ensinado a consumir maçãs ou laranjas? Ninguém. A informação que passa de forma subliminar através dos anúncios da TV e dos jornais é que se deve beber sumo de maçã e de laranja. Mas se alguém ler os rótulos das embalagens verifica que contém imenso açúcar, frutose, acidificantes, etc., e o que falta é a maçã e a laranja. É preciso informar, ensinar e consciencializar a população.
A atitude da indústria alimentar tem de mudar?
No global sim, mas também depende do que a indústria faz. A conservação de alimentos através da congelação, por exemplo, é perfeita. Os legumes congelados são uma ótima opção, por vezes mais económica, e chegam ao consumidor mais frescos e com mais nutrientes do que os que são mantidos durante cinco ou seis dias nas cadeias de distribuição. Já quando falamos de alimentos que têm de levar uma quantidade enorme de aditivos para serem consumidos – é o caso das carnes de muito má qualidade e dos aproveitamentos que se fazem dos restos dos mariscos – é diferente. Sempre que tivermos de dobrar a língua muitas vezes para conseguir ler o que está escrito nos rótulos é porque não é comida. Não compre. Será qualquer coisa que do ponto de vista nutricional, químico e metabólico está muito longe do alimento original.
Está a falar de alimentos que duram ad eternum?
Por exemplo. Como é que duram? Fizeram-se estudos com hambúrgueres e batatas fritas – uns feitos em casa, com carne picada, e batatas que foram descascadas, outros com produtos processados e embalados – e verificou-se que ao fim de trinta ou quarenta dias alguns hambúrgueres se mantinham iguaizinhos. Não se degradaram, ao contrário dos que foram feitos em casa, que estavam estragados três dias depois.
Ora alguém acha que uma coisa daquelas pode ser comida?
Quando ingerimos produtos desse tipo como é que o organismo reage?
Defende-se e inflama-se ou agarra naquelas coisas que não considera importantes e arruma-as nos depósitos de lixo, que são as células gordas. Estas, além de serem o nosso reservatório de energia, são também o depósito de substâncias tóxicas que o organismo não metaboliza ou não utiliza para impedir que entrem nos circuitos mais nobres. Esta acumulação de lixo cria bloqueios bioquímicos e alterações metabólicas que impedem as células de trabalhar em condições. Hoje ninguém sabe que consequências é que isto tem para o cérebro e o sistema imunitário e para o bom trabalho hepático e digestivo. Os circuitos da toxicidade são cruzados – se uma pessoa come de vez em quando um gelado, um iogurte, umas bolachas ou um sumo que tem um determinado corante é uma coisa, mas se o faz com regularidade, ao fim de seis meses já ultrapassou as doses suportáveis e entra em sobrecarga tóxica.

E o que é que acontece?
Veja-se o ácido fosfórico, um aditivo que está presente em alimentos de consumo diário, como os cereais de pequeno-almoço e os refrigerantes. Quem ingere estes produtos todos os dias, além de ficar com o sistema acidificado e perder cálcio (uma compensação do organismo que depois predispõe à osteoporose), também fica numa excitação – o ácido fosfórico é um estimulante cerebral e é óbvio que uma criança que de manhã come um prato de cereais chega à escola e não para quieta. O ácido fosfórico altera o comportamento e em determinadas concentrações é neurotóxico.
Como é que os alimentos atuam no organismo?
Os alimentos servem para construir tecido, osso, órgãos, etc., e para nos darem energia, mas o que as ciências da nutrição têm vindo a mostrar é que os alimentos são essencialmente moduladores do comportamento celular – são informadores das células, dizem-lhes como devem funcionar. Imagine que tem um prato com uma determinada quantidade de proteínas (peixe ou carne) e outra de hidratos de carbono. Só a proporção entre a quantidade de carne e batatas ingeridas vai informar o organismo da necessidade de produzir uma hormona ou outra, neste caso insulina (que é a hormona do armazenamento) ou glucagon (a hormona do desarmazenamento).
Explique lá melhor…
Se comer mais proteínas do que hidratos de carbono vai produzir mais glucagon e induzir o metabolismo a ir buscar gordura acumulada para disponibilizar às células, ou seja, vai desarmazenar. Mas se comer mais arroz, massa ou batatas vai dar uma ordem em sentido contrário, vai dizer que é precisa mais insulina e vai acumular gordura.
Mas se as pessoas forem ativas podem queimar essa energia…
Isso é outra coisa, o que importa reter é que na proporção hidratos de carbono/proteínas a quantidade de açúcar que chega aos sensores do tubo digestivo aciona imediatamente uma ordem de libertação de glucagon ou de insulina. Se a indicação é libertar glucagon, o organismo vai usar a gordura acumulada, se a ordem for para libertar insulina, o organismo vai armazenar gordura. Isto é pura informação.
Quem quer perder peso tem de saber isso, certo?
Se a pessoa tiver consciência da informação que dá ao corpo tem muito mais capacidade para o modular. Outro exemplo. A leptina, a hormona que sinaliza o apetite, que depende sobretudo do ritmo solar. Ora, uma pessoa equilibrada, que durma de noite e trabalhe de dia, produz mais leptina de manhã (e tem apetite) e ao fim do dia produz menor quantidade (o apetite diminui). Se uma pessoa comer muito à noite estraga este equilíbrio e a certa altura está sempre com fome porque inutilizou os sensores da leptina. Nós somos mamíferos e de noite, quando dormimos, não precisamos de comer. O nosso corpo tem a sabedoria para sinalizar o apetite em função da hora do dia – comer muito à noite estraga essa sinalização, faz ter apetite a toda a hora.
A alimentação é bioquímica?
Os alimentos são veículos de comunicação. Se fizer uma refeição de gordura saturada – uma sopa com um chouriço e depois um cozido à portuguesa – dá um sinal à cárdia (esfíncter entre o estômago e o esófago) para alargar e é assim que ocorrer o refluxo gastroesofágico e aparece a azia. A gordura saturada é um sinal que se dá à cárdia para se manter aberta. Se no dia seguinte a mesma pessoa só comer azeite ou gorduras de peixe não terá azia. Sabe porquê? É que o azeite ajuda a fechar a cárdia. Este é outro exemplo que ilustra a importância do conhecimento. Pessoas mais esclarecidas fazem escolhas mais acertadas.
A forma como nos alimentamos dita o comportamento das células?
Quando ingeridas, as gorduras saturadas e as gorduras ómega 6 (provenientes essencialmente dos animais e dos cereais, sobretudo da soja) são a estrutura a partir da qual as células fazem substâncias pró-inflamatórias. As gorduras ómega 3 – provenientes das algas e dos peixes – são as que permitem que as células produzam substâncias anti-inflamatórias. Se uma pessoa tem uma doença inflamatória (por exemplo, uma alergia, artrite ou doença autoimune) e come muita gordura saturada, esta vai funcionar como substrato para a fogueira e agravar o processo inflamatório da doença que já tem. Ao contrário, se a pessoa ingerir gorduras ómega 3, vai ser capaz de construir extintores de incêndio para que as suas células produzam anti-inflamatórios.
Há outros exemplos?
Se uma pessoa tem tendência depressiva porque não consegue produzir serotonina em quantidade suficiente, deve comer os alimentos que têm os aminoácidos precursores da serotonina – a carne de peru, por exemplo, é extremamente rica em triptofano, que é um precursor da serotonina. Se a pessoa souber isto, no outono, quando o tempo fica mais escuro, porque é que não há de comer mais carne de peru em vez de carne de vaca?
A alimentação e o processo digestivo podem agravar ou controlar certas doenças?
Sim, se uma pessoa tem uma predisposição genética para a diabetes, Alzheimer, etc., a doença só vai manifestar-se se o gene for ativado. Mas o que as pessoas precisam de saber é que os genes também podem ser desativados – é a modulação genética através da nutrigenética. Como? O que ativa ou suprime a expressão dos genes é a presença de determinados fitoquímicos, substâncias que também se encontram nos alimentos.
Podemos dizer que há alimentos anti-inflamatórios?
Claramente. Os que têm ómega 3 – sardinha, cavala e os peixes das águas frias do Norte. Algumas substâncias vegetais dos legumes (tomate), frutos (quivi) e especiarias (a curcuma, que confere a cor amarela ao caril) também têm efeito modulador de alguns genes pró-inflamatórios. Mas alimentos anti-inflamatórios devem ser consumidos, independentemente de se ter doença ou não. Hoje sabe-se que um cérebro com Alzheimer já está inflamado vinte anos antes da manifestação da doença. Todas as doenças degenerativas começam com processos inflamatórias, as autoimunes também. Não conhecemos é as causas.
Há substâncias que devem mesmo ser eliminadas da alimentação?
Os aditivos químicos. Falo das substâncias químicas que não são alimentos, que são usadas pela indústria alimentar e podem ser geradoras de inflamação em contacto com o organismo. A vida corrente não nos permite evitar todos os aditivos, mas se estivermos despertos para esta realidade teremos mais atenção, faremos escolhas mais saudáveis e ingerimos menores quantidades.
E as gorduras?
As gorduras ómegas 6, que se encontram nas margarinas e nos óleos e que são provenientes da soja, do milho e do amendoim, são claramente pró-inflamatórias. Precisamos de ómega 6 no organismo, mas em quantidades muito reduzidas. O problema é que a cadeia alimentar atual é geradora de uma alimentação extraordinariamente rica em ómega 6 e pobre em ómega 3. Basta pensar que, dantes, as galinhas e as vacas comiam erva, agora comem rações provenientes da soja; os peixes comiam algas, agora comem rações também com soja. Os produtos alimentares que usamos são essencialmente da linha produtora de ómega 6.
Nos supermercados temos centenas de alimentos à escolha. Precisamos de tanta coisa?
Não precisamos de tantos produtos alimentares, necessitamos é de maior diversidade alimentar. Essas centenas ou milhares de produtos que vemos nas prateleiras são provenientes de quatro ou cinco alimentos – cereais, lácteos, açúcares e gorduras – e da indústria de processamento. Se olharmos para a quantidade de legumes, frutos, oleaginosas e peixe que as pessoas comem no dia a dia verificamos que não há variedade alimentar, as pessoas comem quase sempre o mesmo. Já pensou na variedade de saladas que é possível fazer? Mas se perguntar a alguém qual é a que come diz-lhe alface e tomate.
No supermercado fazemos escolhas condicionadas pela publicidade e o marketing. Como podemos fugir a isso?
Só vai mudar com a informação dos cidadãos. Nos países do Norte da Europa, onde a população é muito mais esclarecida, não encontramos nos supermercados esta quantidade enorme de alimentos-lixo – basta verificar que o espaço ocupado por refrigerantes, cereais de pequeno-almoço e óleos alimentares é muito reduzido. Exatamente o oposto do que se passa em Portugal.
A crise económica e as dificuldades das famílias podem piorar ainda mais a alimentação dos portugueses?
Também pode acontecer o contrário. Numa altura em que todos sentimos uma necessidade absoluta de gerir muito bem os orçamentos familiares, devemos fazer listas de compras de forma racional. E antes de comprar certos produtos alimentares, é obrigatório perguntar: «Preciso mesmo disto? Vale a pena? Faz-me ficar mais forte, vital, inteligente? Tem mais nutrientes?» Ocasionalmente, podemos comprar os tais alimentos que não comportam nenhum valor acrescentado mas que agradam ao paladar, mas isso é num dia de festa.
De que produtos podemos e devemos mesmo prescindir quando vamos às compras?
Devemos tirar os refrigerantes, cereais com açúcar, pastelaria, óleos e margarinas – para cozinhar devemos usar o azeite, só azeite. Todos os refrigerantes são um estrago de dinheiro – as pessoas devem beber água. Os cereais com açúcar (os de pequeno-almoço e as bolachas) também são prescindíveis – devemos escolher cereais completos, integrais, que até são mais baratos. Compare-se o preço de uma caixa de cereais de pequeno-almoço com o de um pacote de flocos de aveia, que são altamente nutritivos. A aveia é muito mais barata e muito nutritiva.
Mas comprar carne magra e peixe gordo, frutos e hortaliças é muito mais dispendioso…
Mas há estratégias que podem ser implementadas. Uma é comprar carne de melhor qualidade e comer menos quantidade e menos vezes. É preferível comer carne três vezes por semana em vez de comer carne gorda todos os dias. Além disso, toda a gente ganha se fizer uma alimentação vegetariana dois dias da semana e em vez da carne comer, por exemplo, arroz de feijão ou grão-de-bico com massa. Se se acrescentar hortaliças, ervas aromáticas e azeite, podemos dizer que são refeições perfeitas. Menos carne, mas de melhor qualidade; mais peixe (incluindo cavala e sardinhas, frescas ou em conserva de azeite) e ovos (podem ser consumidos três ou quatro por semana) são opções a privilegiar.
Não retira massa, arroz ou batatas ao seu carrinho de compras?
Não, mas reduzo as quantidades ingeridas. No prato devemos ter pequenas porções de massa, arroz ou batatas e maior quantidade de hortaliças, legumes e leguminosas.
Fala-se muito na responsabilidade social da indústria farmacêutica, que ganha dinheiro à custa do tratamento dos doentes. E quanto à responsabilidade social da indústria alimentar, que ganha dinheiro atirando-nos para a doença?
A indústria alimentar está a fazer maus alimentos, mas a verdade é que as pessoas só compram o que querem. Sei que quanto menor é a informação maior é a permeabilidade ao marketing, mas o caminho também se faz através da informação dos cidadãos e da sua responsabilização. Custa-me imenso ver nas caixas de supermercado que as pessoas aparentemente mais pobres também são as que levam os carrinhos repletos de produtos inúteis e nefastos para a sua saúde. É preciso repensar a política alimentar e inovar.
QUEM É CRISTINA SALES E O QUE É A MEDICINA FUNCIONAL INTEGRATIVA?
A medicina que Cristina Sales exerce dá pelo nome de medicina funcional integrativa – reúne diferentes disciplinas, profissionais e recursos terapêuticos, é centrada na pessoa e procura entender onde estão os desequilíbrios que desencadeiam a doença. Para uns, trata-se de uma abordagem vanguardista, mais adaptada aos pacientes, ao tratamento e controlo das chamadas doenças da civilização. Para outros, a prática médica de Cristina Sales ainda gera alguma desconfiança. Quem não receia são os doentes que a procuram – sobretudo pessoas que vivem com doenças crónicas (alergias, enxaquecas, fadiga crónica, doenças inflamatórias, endócrinas, metabólicas e autoimunes) e que não encontraram resposta satisfatória para os problemas que as afetam. Uma consulta com a médica do Porto dura uma hora e não se marca de um dia para o outro. Porque os pacientes já são muitos e porque as palestras e conferências em que Cristina Sales é oradora convidada também são frequentes.

Doenças que chegam com a idade

Dores nos joelhos, na coluna e limitações de movimentos. Com o passar dos anos, esses são alguns dos sintomas causados pelo desgaste das articulações. Embora o predomínio seja em pessoas com mais de 60 anos, crianças, jovens, atletas e adultos não estão livres de desenvolvê-las. "Entre as mais comuns na população, estão a artrite reumatoide e a artrose", diz o dr. Reynaldo Jesus-Garcia, ortopedista e médico coordenador do Programa Integrado de Ortopedia e Reumatologia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Doenças que chegam com a idade Apesar do nome parecido, artrite e artrose são doenças diferentes.
A artrite é uma inflamação da articulação que destroi a cartilagem. Dessa forma, o atrito das extremidades dos ossos aumenta e gera irritação no local. A mais comum entre as artrites é a reumatoide. Esse quadro ainda tem causa desconhecida, entretanto é a mais grave das inflamações. "É uma doença autoimune, devido a uma reação de anticorpo do próprio organismo contra a cartilagem, que acaba desencadeando uma resposta inflamatória", explica o dr. Reynaldo.
"É uma doença autoimune, devido a uma reação de anticorpo do próprio organismo contra a cartilagem, que acaba desencadeando uma resposta inflamatória"
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrite reumatoide ocorre com frequência duas vezes e meia maior em mulheres do que em homens. Os sintomas são rigidez, inchaço e vermelhidão nas mãos, limitação de movimentos e dor intensa. Ao longo dos anos, as articulações vão apresentando deformidades que limitam intensamente o movimento das articulações.
A artrose é uma doença degenerativa, ou seja, um desgaste natural das articulações. As principais causas são sedentarismo, má postura, traumas frequentes – ocasionados por pancadas e lesões -, além do excesso de peso. Dores que aparecem com o movimento ou em repouso, mais comuns pela manhã, são os principais sintomas. A boa notícia é que a artrose pode ser prevenida.

Cuide de seus movimentos

A melhor maneira de evitar essas doenças é controlar o peso, fortalecer a musculatura e adotar hábitos alimentares saudáveis, pois o envelhecimento do organismo torna-se mais lento. Mas quando esses problemas aparecem, é inevitável realizar um tratamento à base de medicamentos para amenizar a dor e preservar a função da articulação acometida, além das alternativas para estimular a regeneração da cartilagem.
Em casos mais graves, pode ser feita uma cirurgia, realizada nos ossos e não na própria articulação, para corrigir a postura e mudar a posição do eixo do osso que está limitando o movimento da pessoa. Há ainda a alternativa de cirurgia para retirar os tecidos que estão inflamados, por meio da artroscopia. Caso a doença progrida, pode ser feito um implante de cartilagem, em que fragmentos de cartilagem saudáveis são retirados para serem colocados em locais desgastados. Nos casos avançados, pode ser necessária a ressecção da cartilagem da articulação e a substituição por uma prótese metálica no lugar da cartilagem destruída.
Publicada em junho/2008
Atualizada em novembro/2009

segunda-feira, 28 de Abril de 2014

'Sair do armário' faz bem à saúde

Cientistas da universidade de Montreal, no Canadá, demonstraram que os homossexuais que se assumem perante os outros têm melhor saúde física e mental, mas alertam que as vantagens podem desaparecer em sociedades menos tolerantes

"Assumir-se já não é uma questão de debate popular, mas sim de saúde pública. Em todo o mundo, as sociedades têm de se esforçar por facilitar esta autoaceitação, promovendo a tolerância, políticas progressivas e dissipando o estigma contra todas as minorias", diz o principal autor do estudo, Robert-Paul Juster.

Segundo o artigo agora publicado, as lésbicas, os gays e os bissexuais (LGB) que se assumem perante os outros têm menores níveis de hormona do stress e menos sintomas de ansiedade, depressão e esgotamento.

"O nosso objectivo era determinar se a saúde das lésbicas, dos homossexuais e dos bissexuais é diferente dos heterossexuais e, nesse caso, se ter 'saído do armário' faz diferença", explicou Juster.

Após medirem os níveis de cortisol, a hormona do stress, bem como mais de 20 marcadores biológicos para aferir os níveis de ansiedade e depressão em 87 homens e mulheres de cerca de 25 anos, os cientistas chegaram a resultados surpreendentes. "Ao contrário das nossas expectativas, os homens homossexuais e bissexuais tinham menos sintomas depressivos e carga alostática (desgaste provocado pelo stress crónico) do que os homens heterossexuais. As lésbicas, os gays e os bissexuais que se assumiam perante a família e amigos tinham menos sintomas psiquiátricos e menores níveis de cortisol do que os que ainda estavam 'no armário'", afirmou o cientista.

Reconhecendo que os participantes deste estudo gozam dos direitos progressistas previstos na lei canadiana, Juster alerta que uma situação intolerância social no processo de revelação prejudicaria a auto-aceitação, geraria mais angústia e contribuiria para o aparecimento de problemas de saúde mental e física.

"Assumir a sua homossexualidade pode só ter benefícios para a saúde quando existem políticas sociais tolerantes que facilitem o processo de revelação", resume Juster.

Ler mais: http://visao.sapo.pt/sair-do-armario-faz-bem-a-saude=f709535#ixzz2xdF8S9tI